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outubro 25, 2018

Correndo Descalça por Amy Harmon.

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.




ISBN: 9788576866879
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 349
Classificação: Ótimo.
Sinopse: Quando Josie Jensen, uma desajeitada menina prodígio da música, conhece Samuel Yates, um garoto confuso e revoltado descendente dos índios Navajos, uma amizade improvável floresce. Apesar de ser cinco anos mais nova, Josie ensina a Samuel sobre palavras, música, sonhos, e, com o tempo, eles formam um forte vínculo de amizade. Após se formar no colégio, Samuel abandona a cidadezinha onde vivem em busca de um futuro, deixando sua jovem amiga com o coração partido. Muitos anos depois, quando Samuel retorna, percebe que Josie necessita exatamente das coisas que ela lhe oferecera na adolescência. É a vez de Samuel ensinar a Josie sobre a vida e o amor e guiá-la para que ela encontre seu rumo, sua felicidade. Profundamente romântico, Correndo Descalça é a história de uma garota do interior e um garoto indígena, sobre os laços que os ligam a suas casas e famílias e sobre o amor que lhes dá asas para voar.

S
empre li resenhas positivas dos livros da autora Amy Harmon, porém somente com o lançamento de Correndo Descalça tive finalmente a oportunidade de conhecer o estilo de escrita da autora. Não é segredo para ninguém que acompanha o blog a mais tempo que essa blogueira que vos escreve adora um bom drama. E se esse drama vier acompanhado de uma pitadinha de romance é melhor ainda.  E Correndo Descalça é exatamente esse tipo de livro, em que a autora mescla com maestria os dramas do dia a dia com um romance sutil e belo.

Josie Jo Jensen desde muito jovem precisou aprender a lidar com perdas. Aos nove anos depois de perder a sua mãe, ela assume para si a responsabilidade de cuidar do pai e dos irmãos e com isso deixando cedo demais a infância para trás. Por um bom tempo o seu único refúgio são os livros, até que a chegada do casal Sonja e Doc a pequena cidade de Levan traz uma nova e inesperada mudança em sua vida. Com Sonja, Josie descobre uma nova paixão, a música. Josie passa a ter aulas de piano e entre as suas histórias e composições favoritas ela cresce e se torna uma adolescente solitária.

Mas, em uma manhã como outra qualquer, Josie conhece alguém mais deslocado e solitário que ela, Samuel Yates. Samuel é decente dos índios navajos e precisa lidar constantemente com o bullying no colégio e com a desconfiança de alguns moradores da pequena cidade que o vêm como um garoto problema. Uma amizade entre duas pessoas tão diferentes à primeira vista parece totalmente improvável, porém entre clássicos da literatura e da música, Josie passa a compartilhar com Samuel seus sonhos ao mesmo tempo em que ensina para ele o poder das palavras.

E através dessa convivência um sentimento mais forte acaba nascendo entre eles. Só que ambos são muito jovens para viver uma história de amor Samuel decide seguir seu caminho longe de Josie, que por sua vez se vê novamente precisando lidar com novas e dolorosas reviravoltas que a vida lhe reserva.

Anos de passam e quando eles de reencontram, Josie não é nem a sombra da pessoa que Samuel conheceu. Nem mesmo a música que tanto Josie amou no passado parece oferecer algum consolo para a dor que tomou conta de seu coração. E agora é a vez Samuel ensiná-la a ver a vida com outros olhos e principalmente a se permitir a amar e ser amada novamente.

Confesso que comecei a leitura de Correndo Sozinha sem saber muito ao certo o que iria e o que eu queria encontrar. Queria um livro que me emocionasse? Sim. Um livro que me deixasse encantada com um belo romance? Também. Mas, para minha felicidade Correndo Descalça não apenas conseguiu atingir esses dois objetivos, como foi um pouco mais além disso. Pois, conforme a leitura ia avançando, me via cada vez mais envolvida com as pequenas sutilezas contidas na narrativa e principalmente, com a sensibilidade como a autora desenvolveu a narrativa e seus personagens.

Em muitos momentos me identifiquei com a Josie, não só porque assim como ela, eu encontro nos livros e na música um porto seguro, mas pelo fato de ter precisado deixar a infância e até mesmo a adolescência cedo demais para cuidar dos outros. Eu conseguia compreender a solidão “auto imposta” da personagem, e o medo que suas atitudes acabassem por magoar as pessoas que ela ama.

Já com o Samuel eu tive não uma relação de amor e ódio propriamente dita, só que não nego que meus sentimentos pelo personagem em muitos momentos foram bem conflitantes. Tipo, eu conseguia entender a necessidade dele proteger a Josie e mostrar o seu valor, porém às vezes a forma como ela faz isso é muito dura e até mesmo um pouquinho “insensível”. Porém, é justamente a forma como o romance entre ele a Josie foi construído que tornar Correndo Descalça uma leitura tão sensível. Aqui vemos como a amizade simples e descomplicada de adolescência se transforma em um amor que sobrevive há anos de distância.

Os personagens secundários embora não tenham uma participação muito ativa também desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento da narrativa, em especial a Sonja e o pai da Josie. Eles se mantiveram ao lado da Josie nos momentos mais difíceis e cada um ao seu modo a ajudou a sobreviver não só a perda de pessoas queridas, mas de sonhos e oportunidades perdidas.

Gostei bastante como a Amy Harmon trabalhou os temas religião e espiritualidade também. Em nenhum momento isso deixou a narrativa pesada, pelo contrário contribuiu para aumentar ainda mais a sensibilidade do enredo. A minha única ressalva aqui é que senti que o final ficou um pouco “atropelado”, como se autora estivesse com pressa ou não soubesse direito como finalizar a história. 

“Algumas coisas não podem ser explicadas ou compartilhadas, porque perdem o brilho quando são passadas adiante.”

Correndo Descalça possui uma história muito sensível e emocionante e que ao mesmo tempo em que nos leva a refletir sobre as nossas dores. Amy Harmon construiu um romance terno e bonito, que apesar de todos os reveses se manteve forte em meio a fragilidade da vida.

agosto 22, 2018

Ele por Elle Kennedy e Sarina Bowen

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788584391202
Editora: Paralela
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 256
Classificação: Muito Bom
Sinopse: James Canning nunca descobriu como perdeu seu melhor e mais próximo amigo.Quatro anos atrás, seu tatuado, destemido e impulsivo companheiro desde a infância simplesmente cortou contato. O maior arrependimento de Ryan Wesley é ter convencido seu amigo extremamente hétero a participar de uma aposta que testou os limites da amizade deles. Agora, prestes a se enfrentarem nos times de hóquei da faculdade, ele finalmente terá a oportunidade de se desculpar. Mas, só de olhar para o seu antigo crush, Wes percebe que ainda não conseguiu superar sua paixão adolescente. Jamie esperou bastante tempo pelas respostas sobre o que aconteceu com seu relacionamento com Wes, mas, ao se reencontrarem, surgem ainda mais dúvidas. Uma noite de sexo pode estragar uma amizade? Essa e outras questões sobre si mesmos vão ter que ser respondidas quando Wesley e Jamie se veem como treinadores no mesmo acampamento de hóquei.

Embora Elle Kennedy seja uma das minhas autoras queridinhas quando o assunto são livros do gênero new adult, Ele foi a minha primeira experiência com livros LGBT com essa conotação mais adulta. Co-escrito com a autora Sarina Bowen, Ele possui uma narrativa fluida e personagens apaixonantes, o que torna a história ainda mais envolvente e gostosa de se acompanhar. Mas, (Ane e seus mas) não posso deixar de confessar que tenho sentimentos conflitantes a respeito da obra.

Ryan Wesley e James Canning costumavam ser amigos inseparáveis, até que um dia sem nenhum motivo aparente Wes cortar completamente o contato entre eles. O que James não pode imaginar é que Wes agiu movido pela culpa de ter “forçado” o seu amigo a participar de uma aposta que colocou a amizade deles em jogo. Agora depois de quatro longos anos de silêncio, os dois estão prestes a se reencontrar o que para Wes é a oportunidade perfeita para se desculpar pelo que fez no passado.

O problema é que Wes, continua apaixonado por Jamie e esse reencontro promete fortes emoções. Afinal, Jamie esperou anos para descobrir o que tinha motivado o melhor amigo a cortar as relações com ele. Porém, a conversa que era para esclarecer as dúvidas que Jamie tinha acaba deixando ele ainda mais confuso.

Quando Jamie se deixa levar pelo calor do momento e Wes não consegue mais esconder seus sentimentos pelo amigo. Poderá uma noite de sexo acabar com o que restou na amizade de Jamie e Wes. Conforme o verão passa os dois embarcam juntos em uma jornada de autodescobrimento que ao final pode os levar a descobrir verdades sobre si mesmos que eles jamais imaginaram.

Essa que vos escreve, estava sofrendo de uma terrível ressaca literária. Por isso ao escolher Ele como leitura eu realmente esperava encontrar um romance clichê, daqueles que você lê em uma tarde preguiçosa de domingo. E foi exatamente isso que encontrei, porém não posso deixar de comentar que em muitos momentos senti falta de “história” propriamente dita.

A narrativa de Elle Kennedy conseguiu em muitos momentos me emocionar durante a leitura da série Amores Improváveis, mas nessa parceria com a Sarina Bowen parece que as preliminares, por assim dizer foram “esquecidas “, reduzindo a narrativa em uma cena de sexo após outra. E isso me incomodou por que passou a sensação que as autora objetivaram demais o relacionamento homoafetivo, partindo da premissa que a base desse tipo de relacionamento é só “pegação”. E tipo não é, afinal nenhum relacionamento é feito apenas de sexo, mas de companheirismo e obviamente, - amor.

Que fique claro que eu gostei do livro, afinal eu amo um bom clichê. Além disso, Wes e Jamie são personagens maravilhosos, do tipo que você quer guardar em um potinho e cuidar pelo resto da vida. Só que sem sombra de dúvidas eu teria me apaixonado ainda mais por eles e automaticamente pela história, se durante a construção do enredo as autoras tivessem tido esse cuidado de realmente desenvolver um relacionamento em que fosse possível identificar aquele momento único em que o amor entre Wes e Jamie surgiu.

O fato de tudo acontecer rápido demais, (algo que me incomoda em qualquer livro) e as autoras deixarem a parte interessante do relacionamento protagonistas, aquela que nos deixa com o coração quentinho para os capítulos finais faz com que a narrativa soe pouco rasa também. Outro ponto é que se tratando de um romance homoafetivo, a abordagem dada ao preconceito sofrido pelos personagens aqui foi superficial e nem pode ser considerado um debate saudável, já que tudo se resume a um “piti” de um personagem pequeno e secundário.

Volto a dizer que sim, gostei muito do livro e me apeguei bastante ao Wes e ao Jamie e talvez justamente por isso os meus sentimentos em relação a Ele sejam tão conflitantes. Afinal, por mais que eu tenha encontrado um bom clichê aqui e me envolvido de um modo gostoso com a história, infelizmente não posso fechar os olhos para as falhas que a narrativa teve em sua construção. Elle Kennedy e Sarina Bowen acertaram em cheio ao criar uma história de sensual e erótica entre dois homens, mas esqueceram de colocar aquela pitadinha de açúcar para transformá-la no romance que pretendiam.

“Você é o rei das más ideias”, ele lembra. “Pelo menos essa termina com nós dois felizes.”

Para quem busca uma história clichê, mas como ingredientes diferentes das narrativas “tradicionais”, Ele se apresenta com uma opção de leitura fluida e cativante que nos conquista logo nas primeiras páginas. Pode estar longe de ser o “romance perfeito”, mas ainda assim é o tipo que nos deixa com um sorriso bobo no final.

julho 23, 2018

Em Outra Vida, Talvez? por Taylor Jenkins Reid.

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501109705
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 322
Classificação: Ótimo
Onde Comprar
Sinopse: Hannah está perdida. Aos 29 anos, ainda não decidiu que rumo dar à sua vida. Depois de uma decepção amorosa, ela volta para Los Angeles, sua cidade natal, pois acha que, com o apoio de Gabby, sua melhor amiga, finalmente vai conseguir colocar a vida nos trilhos. Para comemorar a mudança, nada melhor do que reunir velhos amigos num bar. E lá Hannah reencontra Ethan, seu ex-namorado da adolescência. No fim da noite, tanto ele quanto Gabby lhe oferecem carona. Será que é melhor ir embora com a amiga? Ou ficar até mais tarde com Ethan e aproveitar o restante da noite? Em realidades alternativas, Hannah vive as duas decisões. E, no desenrolar desses universos paralelos, sua vida segue rumos completamente diferentes. Será que tudo o que vivemos está predestinado a acontecer? O quanto disso é apenas sorte? E, o mais importante: será que almas gêmeas realmente existem? Hannah acredita que sim. E, nos dois mundos, ela acha que encontrou a sua.

Assim que li a sinopse de Em Outra Vida, Talvez? da autora Taylor Jenkins Reid fiquei curiosa com a premissa da história. Afinal quem nunca se perguntou como sua vida estaria se tivesse feito outras escolhas? Confesso que eu estava esperando uma comédia clichê totalmente previsível do começo ao fim, porém para minha felicidade fui surpreendida não apenas como uma narrativa deliciosa mas com uma história que podia acontecer com qualquer um de nós de tão dolorosa, divertida e real.

Hannah Martin vive pulando de cidade em cidade tentando se encaixar e encontrar o seu lugar no mundo. Mas, após sofrer a maior decepção amoroso de sua vida, ela resolve voltar para sua cidade natal, Los Angeles. Hannah acredita que com a sua melhor amiga Gabby ao seu lado, ela finalmente vai conseguir encontrar um sentido para vida e colocá-la nos trilhos. E nada melhor do que uma festa de boas-vindas para fazer com que a gente se sinta em casa, não é mesmo?

Então Gabby tem a ideia de reunir os velhos amigos dos tempos de colégio em um bar, incluindo Ethan o ex-namorado de Hannah. Só que no meio da festa Gabby e seu marido Mark precisam voltar para casa mais cedo e Hannah precisa escolher se volta com eles, ou se fica um pouco mais com Ethan. E como tudo na vida tem dois lados, a escolha que Hannah fizer vai mudar a sua vida para sempre.

Não vou dar mais detalhes sobre o enredo por que não quero correr o risco de dar spoilers e estragar a surpresa que vocês terão durante a leitura. Taylor Jenkins Reid construiu uma história leve, mas que ao mesmo tempo aborda um tema que muitas vezes nos assusta por, - escolhas. Adorei o modo como a autora construiu a história mostrando através duas realidades alternativas como cada escolha por menor que seja acaba gerando situações e trazendo pessoas as nossas vidas com o poder de mudá-la para sempre.

A narrativa de Taylor Jenkins Reid é leve e fluida e seus personagens são tão cativantes que é praticamente impossível não se conectar com eles. Confesso que em muitos momentos me identifiquei com a história, especialmente por que às vezes eu fico divagando sobre onde e como estaria se tivesse ido para esquerda ao invés da direita em um determinado momento de minha vida.

Hannah é uma personagem divertida que depois de tantos anos trabalhando em algo que não gosta e pulando de cidade em cidade sem nunca ter encontrado o seu lugar no mundo. Por isso, quando Hannah volta para Los Angeles, é como se ela tivesse uma tela em branco, uma nova chance para recomeçar. E é surpreendente como a autora conduz não somente a história de Hannah, mas de todos os personagens levando em conta as decisões que eles tomam e a forma como elas influenciam o nosso futuro.

Outro ponto que me conquistou na narrativa é a amizade de Hannah e Gabby. É uma tão linda, tão forte que de verdade é impossível ler sem querer se tornar a melhor amiga delas. As duas a sua forma estão passando por momentos complicados na vida, momentos em que tudo parece estar desmoronando e mesmo assim elas permanecem unidades se apoiando em todas as situações. Eu simplesmente adorei a Gabby! Sério ela é uma melhor amiga incrível!

Gostei muito também do Ethan e do Henry (), pois embora ambos possuam personalidades diferentes é visível o quanto eles se importam com a Hannah e desejam que ela seja feliz. Eu sei que a primeira vista parece que é mais um triângulo amoroso, mas posso garantir para vocês que a autora nos surpreende novamente no modo como ela conduz os relacionamentos de Hannah.

Acredito que isso foi justamente o grande diferencial e Em Outra Vida, Talvez?, durante a leitura para essa autora que vos escreve. Pois mesmo que Taylor Jenkins Reid tenha usado alguns elemento presentes na comédias românticas e livros do estilo chick-lit, a autora nos presenteia com uma história que além de divertida nos faz refletir sobre nossa vida e nossas próprias decisões. Sobre as coisas que almejamos e o que de fato fazemos para conquistá-las. Sobre o amor e as várias formas de encontrarmos a pessoa “certa”. Ao final mesmo com os clichês, me vi com um sorriso bobo no rosto e feliz por que cada personagem a sua maneira encontrou o seu, o caminho para a felicidade.

“A diferença entre a vida e a morte pode ser tão simples e desconfortavelmente pequena quanto um passo dado em qualquer uma das duas direções.”

Em Outra Vida, Talvez?, foi uma leitura que me surpreendeu em vários sentidos e me arrisco a dizer que de uma maneira muito simples, foi uma das minhas melhores leituras do ano até o momento. Leve, divertido e cativante! Espero ter oportunidade ler outras obras de Taylor Jenkins Reid.

julho 15, 2018

Carta a D. por André Gorz

| Arquivado em: RESENHAS.


Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788535930979
Editora: Companhia das Letras
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 112
Classificação: Bom
Sinopse: Uma das declarações de amor mais conhecidas e emocionantes de nosso tempo, este livro é também uma afirmação comovente de companheirismo entre duas pessoas apaixonadas. "Você está para fazer 82 anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que 45 quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz 58 anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca." Assim André Gorz inicia sua carta de amor a Dorine, mulher ao lado de quem ele passou a vida e que há alguns anos sofria de uma doença degenerativa incurável. Como um dos principais filósofos do pós-guerra francês, Gorz escreveu inúmeros livros influentes, mas nenhuma de suas obras será tão amplamente lida e lembrada quanto esta carta simples e bela, em que ele rememora tanto a história de companheirismo, amor e militância do casal como a trajetória intelectual que percorreram juntos. Um ano após a publicação de Carta a D., um bilhete encontrado na casa onde moravam fez as vezes de pós-escrito à narrativa: André e Dorine tiraram a própria vida juntos, numa renúncia comovente a viver sozinhos.

Particularmente eu gosto bastante de biografias. Gosto de conhecer as histórias de outras pessoas e de aprender um pouco com elas, seja através de suas alegrias ou tristezas. Por esse motivo quando recebi a Carta a D. de André Gorz, pseudônimo do filósofo austro-francês Gérard Horst, fiquei encantada com a premissa da obra. Afinal, nada mais delicado e poético do que uma carta de amor. Porém, logo na primeira página percebi que antes de ser de fato uma declaração de amor, a Carta a D. era um pedido de desculpas de um homem que só pareceu se dar conta do que sentia por sua esposa ao final da vida de ambos.

Não gosto do rótulo que normalmente os intelectuais carregam, o de ser pessoas introspectivas e excêntricas, mas no caso de Gorz essa me parece ser uma definição bem fiel a sua personalidade mostrada nas páginas deste livro. Segundo Gorz nos conta, era comum que se passasse dias sem que falasse uma única palavra perdido em seu mundo escrevendo obras que anos mais tarde o tornaram um grande pensador reconhecido internacionalmente.

André e Dorine se conheceram ao final da Segunda Guerra Mundial e mesmo como todas as diferenças aparentes formam um casal unido tanto pelo amor como por seus ideais políticos um tanto quanto esquerdistas, por assim dizer. A visão que Gorz apresenta do amor aqui me pareceu em diversos momentos fria e racionalizada demais, o que com o tempo transformou o que era para ser um declaração de afeto e amor em um mar de justificativas evasivas e até mesmo um pouco “hipócritas”.

Além disso, fiquei com a sensação que a todo momento Gorz se esforça para convencer não somente a si mesmo, mas qualquer um que venha a ler sua obra que seus sentimentos e sua relação com Dorine está acima do que consideramos um relacionamento “normal” que muitas vezes seus argumentos acabam por contradizê-lo. Outro ponto é que não acabe a mim ou ao qualquer outro leitor julgar a forma como Gorz e Dorine mantinham a sua relação. É perceptível que da forma deles, eles se amavam e tiveram um relacionamento cheio de altos e baixos, mas acima de tudo do que para eles era amor, respeito e companheirismo.

“Eu lhe escrevo para entender o que vivi, que vivemos juntos.”

A Carta a D. é uma leitura fluida, mas que decepciona um pouco quem espera encontrar em suas páginas um relato mais romântico. Embora André Gorz consiga passar a mensagem que tinha em mente se desculpando com Dorine por não ter mostrado ao mundo o quanto ela era importante em sua vida durante os anos de casamento, faltou ao filósofo, ao menos em meu ponto de vista ter encontrado uma forma mais terna e até mesmo simplista de dizer, - eu te amo.

julho 11, 2018

Reinado Imortal por Morgan Rhodes

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788555340536
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 424
Classificação: Muito Bom
Sinopse: A Queda dos Reinos – Livro 06.
No último volume da série épica A Queda dos Reinos, grandes inimigos precisam se tornar aliados para salvar Mítica da ira dos deuses elementares. Os cristais da Tétrade foram reunidos e os deuses elementares que estavam aprisionados neles foram libertados, mas seu poder e magia não podem ser contidos por ninguém. Saindo do controle de humanos e imortais, os deuses se uniram e planejam destruir todos os reinos, começando por Mítica. Enquanto Jonas continua ignorando o destino que o liga a Lucia, a feiticeira está preocupada em encontrar maneiras de proteger sua filha — mesmo que isso signifique enfrentar sozinha Kyan, o deus do fogo. Amara também está disposta a encarar os deuses elementares. Apesar de ter voltado para o Império Kraeshiano, não desistiu de se tornar a mais poderosa dos reinos. Ao lado da avó, pretende conquistar Mítica só para si. Magnus e Cleo terão seus sentimentos testados mais uma vez. Com os inimigos se aproximando e uma magia maligna tomando conta dos territórios de Mítica, eles precisam descobrir se o amor que sentem é o suficiente para vencer as forças que querem destruí-los — e a toda a nação.

A Queda dos Reinos é aquela série que sempre terá um lugar especial em meu coração. Logo no primeiro livro fui completamente conquistada pela narrativa jovial e fluida da autora Morgan Rhodes, que ao longo de seus livros nos apresentou uma história que mescla literatura fantástica, aventura e romance com personagens que evoluem gradualmente junto com a narrativa. Porém, a pergunta que estou me fazendo desde que li o último parágrafo de Reinado Imortal é o porquê estou me sentindo tão frustrada com o que encontrei aqui.

Não que eu não tenha gostado do caminho que a autora tomou para finalizar a série. Alguns pontos eu achei bem interessantes e de certa forma, Morgan Rhodes soube como não deixar nenhuma ponta solta e finalizar “bem” a história que se propôs a escrever. A minha frustração é pelo modo como tudo isso aconteceu, - rápido e sem emoção alguma. Mas, estou me antecipando os fatos (...).

Quem não quiser pegar spoilers pode pular três parágrafos a partir de agora.

Os quatro deuses da Tétrade finalmente estão reunidos e prontos para submeter não apenas Mítica, mas todo o mundo ao seu poder destruidor. Lucia Damora, carrega nos ombros o fardo de suas escolhas erradas e está disposta a fazer o que for preciso para impedir que Kyan, o temível deus do fogo destrua tudo aquilo que ela ama. Só que ela não está sozinha nessa missão, pois embora prefira ignorar os riscos e o seu papel na batalha contra os deuses elementares, Jonas o rebelde de Paelsia sabe que de alguma forma quando o momento final chegar a feiticeira irá precisar dele e de sua estranha magia.

Do outro lado, o amor improvável que uniu a princesa Cleo e o príncipe Magnus passará por uma última prova de fogo, onde eles terão que ser fortes para vencer a magia maligna que está cada vez mais próxima do reino que ambos prometeram proteger. E se os deuses da Tétrade já não fossem preocupação suficiente para o jovem casal, Amara a imperatriz de Kraeshia e sua inesgotável sede de poder continua sendo uma ameaça no horizonte.

As peças estão postas e o tempo está se esgotando. Conseguirá Lucia se redimir dos erros do passado e encontrar uma forma de aprisionar os deuses elementais novamente? E Jonas, o que o destino reserva para o jovem rebelde? O amor de Cleo o Magnus será forte o suficiente para sobreviver a última e decisiva batalha entre os frágeis seres humanos e poderosos deuses imortais?

Talvez o meu maior “erro” foi ter aguardado esse livro com muitas expectativas. Mas, gente é o último livro de uma das minhas séries favoritas, em minha defesa digo que é um pouco óbvio que eu tinha muitas expectativas sim! E que infelizmente elas não foram atingidas (...). Não que o livro não seja bom, ou que a escrita da Morgan tenha perdido a qualidade. A verdade é que Reinado Imortal segue a mesma linha dos livros anteriores como de a autora não quisesse sair de sua “zona de conforto” e arriscar um pouco mais para dar a narrativa aquele toque de emoção que faria toda a diferença no resultado final da obra.

Ao contrário dos livros anteriores em que cada capítulo reservava uma reviravolta de tirar o fôlego em Reinado Imortal, nada chega a ser de fato surpreendente. A impressão que eu fiquei é que a própria autora estava com “pressa” de amarrar os pontos e finalizar a história de um modo que ficasse convincente para todos. E de fato ela consegue isso, mesmo que para tal tenha recaído em alguns pontos a certa “superficialidade” quando podia e devia ter explorado melhor os elementos presentes na trama. Um bom exemplo disso, é o desfecho que ela dá para o rei Gaius.

Como um dos pontos positivos a ser destacado é a evolução que cada personagem tem no decorrer da série. Confesso que até o final torci por um final diferente para a Lucia, afinal desde do primeiro livro ela fez questão de ser aquela típica personagem insuportável que por mais que você tenha um bom coração, deseja que ela desapareça (me julguem). Cleo e Magnus amadureceram bastante também e mostraram da forma mais clichê possível que, - o verdadeiro amor vence tudo.

Porém de todos os personagens o que realmente merecia, ao menos em minha opinião um destaque maior é o Jonas. Tipo, ele é aquele personagem que se “ferra” do começo ao fim. Faz uma burrada atrás da outra, e sim em muitos momentos é completamente mal aproveitado na história. Não sei o que eu como leitora esperava, mas com certeza era um final bem mais “heroico” para quem perdeu tanto no decorrer de cinco livros (...).

Em suma Reinado Imortal não entregou ao menos para essa leitora que vos escreve a história que prometia. Porém, mesmo que uma parte de mim se sinta frustrada com alguns pontos, Morgan Rhodes nos apresenta uma história cativante e com personagens que são reais e que estão dispostos a fazer o que for preciso para salvar aqueles que amam. Sem dúvidas a série A Queda dos Reinos terá para sempre um lugar especial em minha estante e no meu coração de leitora.

“- As pessoas têm formas diferentes de lidar com as adversidades. Não significa que estejam felizes.”

Para os fãs de literatura fantástica a série A Queda dos Reinos traz uma narrativa atrativa com personagens fortes e momentos que mesclam emoção, ação e aventura. Infelizmente o seu capítulo final deixa um pouco a desejar, porém isso não tira o mérito da autora Morgan Rhodes em nos presentear com uma história envolvente que nos deixa apaixonados e já saudosos nos parágrafos finais.

Veja Também:

junho 24, 2018

Mais que Amigos por Lauren Layne

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788584391073
Editora: Paralela
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 224
Classificação: Bom
Sinopse: Love Unexpectedly - Livro 01.
Será que vale a pena arriscar uma grande amizade em troca de um amor inesquecível? Aos vinte e dois anos, a jovem Parker Blanton leva a vida que sempre sonhou. Tem um namorado inteligente e responsável, um emprego promissor e a companhia de seu melhor amigo, Ben Olsen, com quem divide um lindo apartamento. Parker e Ben são tão grudados que muita gente duvida que eles morem sob o mesmo teto sem nunca ter vivido um caso, mas eles não se importam com o que as pessoas pensam. Sabem que não foram feitos um para o outro — pelo menos não para se envolver.  Por isso, quando um acontecimento inesperado faz com que Parker se veja sem namorado e com o coração partido, ela sabe que pode contar com Ben para ajudá-la a sacudir a poeira e partir para outra. Afinal, ninguém seria mais ideal do que seu melhor amigo para lhe mostrar os prazeres da vida de solteiro… certo? Mais que amigos é uma comédia romântica irresistível!

Acredito que basta uma rápida lida na sinopse de Mais que Amigos da autora Lauren Layne é previsível do começo ao fim. Ou seja, ele possui todos os clichês que tornam as comédias românticas envolventes e irresistíveis.

Parker e Ben se conheceram no primeiro ano de faculdade e logo se tornaram inseparáveis. A ligação dos dois é tão forte, que muita gente duvida que eles são apenas bons amigos. Na verdade, eles se orgulham de ao longo de todos esses anos de amizade, não terem caído no clichê da “amizade colorida”. Afinal, Parker é completamente apaixonada por Lance, seu namorado perfeito e Ben está feliz com a sua vida de solteirão invicto.

Porém, quanto Lance pede um tempo deixando Parker com o coração partido é no melhor amigo que ela se apoia. Mas, Parker não está disposta a ficar em casa chorando e lamentando o fim do se relacionamento. Ela quer sair, conhecer pessoas novas e aproveitar o seu novo status de solteira e ninguém melhor que Ben, para ajudá-la. Só que Parker, ao contrário de Ben não se sente confortável com relacionamentos casuais.

Por isso, contrariando a tudo aquilo que sempre negou Parker sugere a Ben que a amizade deles ganhe alguns tons mais coloridos, por assim dizer. Há princípio, Ben se sente relutante só que não demora muito para ele perceber que a ideia de um relacionamento casual entre ele e Parker não é uma ideia tão absurda assim.

Conseguirá a amizade entre os dois a mesma, depois que a atração sexual fizer parte dela? Parker e Ben podem acabar descobrindo que é fácil do que ambos imaginam uma amizade se transformar em algo mais forte.  Mas, será que eles estão preparados para lidar com essa descoberta?

Quando comecei a leitura de Mais que Amigos já sabia o que ia encontrar, porém não nego que uma parte de mim estava na expectativa que de alguma forma o primeiro livro da série, Love Unexpectedly fosse me surpreender. Infelizmente isso não aconteceu, mas apesar da narrativa de Lauren Layne seguir uma fórmula já conhecia, gostei bastante do que encontrei aqui. Mais que Amigos é uma leitura leve, do tipo que logo em suas primeiras páginas já nos envolve com sua trama divertida, sexy e açucarada.

Parker e Ben são bons personagens, embora essa blogueira que vos escreve se sinta no dever de admitir que alguns pontos na construção dos personagens tenha lhe causado um certo “desconforto”. Sim, Ane sendo a chata para variar.

O primeiro ponto que me incomodou foi o fato de todos os personagens aqui serem top models lindos e perfeitos. Isso em meu ponto de vista deixou a narrativa superficial, ainda mais quando tanto se vem falando e lutando pela quebra dos estereótipos de beleza que há anos a mídia vem pregando que é o correto. Eu sei que é só uma obra de ficção e que personagens com corpos maravilhosos são meio que item obrigatório para livros no gênero new adult, porém acredito que já passou da hora das autoras desse estilo quebrar um pouco esse mundinho perfeito e inserir “personagens reais “em suas obras.

Outro ponto é que Lauren Layne se esforce para que alguns situações pareçam descontraídas, no meu ponto de vista elas soaram machistas e bem desnecessárias. Em muitos momentos fiquei irritada com as atitudes de Ben, pois é simplesmente ridículo o fato dele jogar a responsabilidade da organização e limpeza do apartamento com que divide com Parker em cima dela. Eu ficava tipo: “Sério que você não tem a capacidade de lavar suas próprias cuecas?”. E sim, eu sei que isso é uma obra de ficção, mas a mensagem que passa é tão errada que infelizmente fica bem difícil não se incomodar com ela.

Porém mesmo com esses pontos negativos que citei, Lauren Layne consegue apresentar uma narrativa que em nenhum momento parece forçada. A química que ela criou entre Parker e Ben é incrível, tanto que é praticamente impossível não esperar e torcer por um final diferente para a história.

Gostei como a narrativa foi estruturada, com o capítulos intercalando os pontos de vista de ambos os protagonista, pois isso sempre acaba nos aproximando mais dos personagens e de suas emoções. Mas, não sei se foi impressão minha só que algumas vezes tive a sensação que a narrativa sofria um corte. Como se autora tivesse no meio de uma ideia e do nada resolveu não seguir em frente com ela. E independente de sua previsibilidade, Mais que Amigos foi uma leitura gostosa e despretensiosa.

“Porque me apaixonei por uma garota incrível no primeiro ano de faculdade. Só que não sabia o que era isso, então fiz a única coisa que podia para ficar perto dela: virei seu amigo. Seu melhor amigo (...).”

Como fã de clichês bem construídos, gostei do que encontrei em Mais que Amigos,  especialmente porque a história funcionou como um ótimo antídoto para minha ressaca literária, além de claro ter deixando um sorriso bobo em meu rosto.

junho 20, 2018

SoSeLit #06 - Lucro editorial vs. Leitor

| Arquivado em: CAFÉ LITERÁRIO.

Você encontra o livro da sua vida. Sim, aquele em que tanto a história como seus personagens conquistaram o seu coração. Só quem então, você descobre que esse livro não está sozinho e que na verdade ele é o primeiro uma série. Porém, eis que vem a notícia; “a editora não tem previsão ou a intenção de lançar a continuação da sua série queridinha”. Já passou por isso? Então abraça, que esse SoSeLit é para você!

imagem: Shutterstock
Nessa triste realidade que muitas vezes nos pega de surpresa, a blogueira que vos escreve consegue entender os dois lados da questão. O do leitor que acaba de certa forma de sentindo “desrespeitado”, afinal ele investiu dinheiro e tempo para acompanhar a história. E da editora que investiu dinheiro, planejamento e divulgação de marketing em algo que não trouxe o resultado esperado.

Trabalhei por quatro anos em uma revista, e sei o quanto é caro o material impresso no Brasil. A verdade é que como consumidores finais, muitas vezes não fazemos ideia do custo que aquele nosso livro favorito teve até chegar em nossas mãos. E levando em conta que a maioria das gráficas no Brasil utiliza matéria-prima importada e a alta taxa de impostos que nós pagamos, já dá para imaginar que o custo realmente é muito, mais muito alto.

Só que como leitora, também fico super chateada quando pergunto para uma editora quando a continuação de uma série vai sair e a resposta é, - sem previsão. E mais frustrante ainda é receber a notícia que a série foi cancelada.

Fazendo uma conta rápida aqui, eu mesma tenho quatro séries que comecei a ler, e que as editoras já sinalizaram que não tem a intenção de lançar a continuação tão cedo. São elas Poseidon, Vango, Era X e Na Companhia de Assassinos. Fora aquelas séries como Os Canalhas que além, dos dois volumes lançados não seguirem a ordem cronológica de lançamento, a editora “aparentemente” se esqueceu dos outros livros.

Como comentei lá no início do post, eu entendo o lado da editora. Afinal, como uma empresa ela precisar lucrar com um produto lançado. Principalmente, por que ela tem toda uma estrutura para manter e isso inclui pessoas que assim como nós têm contas no final do mês para pagar. Porém, isso não justifica na era digital em que vivemos, o total descaso com os leitores de uma série.

Um exemplo, é o caso da Editora Abril que passou a lançar algumas de suas principais publicações somente em plataformas digitais. O que me faz pensar se uma solução para resolver esse impasse, não seria lançar esses livros no formato de e-books. Eu mesma confesso, que por conta da praticidade e por falta de espaço físico ando consumindo muito mais livros digitais atualmente.

“Ane os livros digitais custam praticamente o mesmo que os livros físicos.” Sim eu sei, e isso vai ser assunto para outro post.  O que quero dizer, é que nessa briga entre o lucro editorial e leitor precisa-se encontrar o famoso caminho do meio. Aquele ponto de equilíbrio em que cada lado “perde um pouco”, mas que ao final todos saiam ganhando de alguma forma. Especialmente agora, que em que estamos passando por mais uma crise no mercado editorial, é que tanto as editoras como nós leitores precisamos unir forças para que o acesso à leitura no Brasil seja de fato democratizado.

Ficar sem a conclusão de uma série parte não só o meu ou o seu coração. Mas, de certa forma também parte o coração de uma equipe inteira que apostou naquele título e não obteve o retorno esperado. Ao final todos nós saímos perdendo (...).

Até o próximo post!


A Sociedade Secreta Literária é formada pelos blogs: Barba Literária , Eu Insisto, La Oliphant, LivrosLab, Macchiato, Pétalas de Liberdade, Um metro e meio de Livros e o My Dear Library. A nossa intenção ao criar o grupo é falar de assuntos bons e “ruins”, e que normalmente as pessoas não falam abertamente na blogosfera. 

junho 14, 2018

O Reino dos Sonhos por Judith McNaught

 | Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788528622324
Editora: Bertrand Brasil
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 348
Classificação: Bom
Sinopse: Dinastia Westmoreland - Livro 01. 

Royce Westmoreland, o “Lobo Negro”, é enviado pelo rei da Inglaterra para invadir a Escócia. Quando seu irmão, Stefan, sequestra Jennifer e Brenna Merrick, filhas de um lorde escocês, do convento onde vivem, as vidas de Royce e Jennifer se entrelaçam. Ele, um poderoso guerreiro que já ganhou muitas batalhas, não vê a hora de encontrar uma mulher que o amará pelo homem que é, não pelo medo inspirado por sua lenda. Ela, uma jovem rebelde em busca do amor e da aceitação de seu clã, mesmo na condição de prisioneira, não se deixa abalar pela fama de seu arrogante captor. Conforme os conflitos entre os dois se tornam mais frequentes, a urgência de se entregarem um ao outro só aumenta. Certa noite, quando ele a toma apaixonadamente nos braços, desperta nela um desejo irresistível. Mas, se Jennifer seguir seu coração, perderá tudo aquilo pelo que vem lutando e jurou honrar.

Venho comentando há algum tempo que romances de época não andam chamando tanto a minha atenção como no passado, pois não é de hoje que tenho a sensação que as histórias estão o mais do mesmo. Por esse motivo, quando li a sinopse de O Reino dos Sonhos da autora Judith McNaught, apesar do leve “incômodo” que ela me causou por soar levemente “familiar”, ainda sim achei a trama promissora e resolvi dar uma chance a obra. Afinal, sempre estou disposta a ler um romance gracinha. Porém, mesmo possuindo todos os requisitos de uma boa narrativa açucarada, alguns pequenos detalhes fizeram com que essa blogueira que vos escreve, não conseguisse se sentir completamente envolvida pela obra.

As filhas do lorde Merrick, Jennifer e Brenna vivem uma vida tranquila a Abadia Belkirk na Escócia. Mas, isso muda completamente em um final de tarde quando elas são sequestradas por Stefan, irmão do temível Royce Westmoreland, um guerreiro enviado pelo próprio rei da Inglaterra para invadir as Terras Altas. Conhecido como o Lobo Negro, Royce a princípio acha a presença das duas reféns no acampamento mais um incômodo do que uma vantagem estratégica contra seus inimigos, só que isso começa a mudar à medida que ele vai conhecendo melhor a Jennifer Merrick.

Jennifer está longe de ser uma donzela doce e frágil como sua irmã Brenna. Jenny não tem medo de enfrentar Royce, principalmente se isso significar recuperar o respeito e o amor de seu clã. Ela está disposta a fazer o que for preciso para proteger a irmã e encontrar uma forma delas voltarem para casa sã e salvas a tempo de avisar ao seu pai que o Lobo Negro está vindo. Só que quando todas as suas tentativas de fuga são frustradas e os conflitos entre ela e Royce aumentam, mais inquieta e atraída pelo guerreiro ela começa a sentir.

Royce sabe que é loucura se deixar levar pelos sentimentos que Jenny desperta nele. Embora ambos tentem sem muito sucesso manter a atração que sentem um pelo outro sob controle, ela acaba falando mais alto. Chega então o   momento em que Lady Jenny terá que escolher entre o coração e seu povo, afinal o clã jamais verá com bons olhos seu relacionamento com o Lobo Negro. Quando finalmente aceita o seu destino, ela tem certeza que jamais encontrará a felicidade novamente. Será?

Foram inúmeros pequenos detalhes que me incomodaram na narrativa de O Reino dos Sonhos, entre o principal deles foi em muitos momentos o enredo me remeteu ao livro O Lobo e a Pomba da saudosa autora Kathleen E. Woodiwiss (1939 – 2007).  Não digo só porque os protagonistas tem o codinome Lobo, até mesmo por que esse tipo de “coincidência” é algo que dá para deixar “passar”. O problema é que a estrutura da história é bem, mais bem familiar mesmo. A diferença é que em O Lobo e a Pomba a narrativa tem um tom mais áspero o que de certa forma dá mais intensidade a obra, enquanto O Reino dos Sonhos é tudo muito “bonitinho” dando a narrativa um tom mais delicado.

Outro ponto que me fez revirar os olhos vária vezes foi a protagonista. Sei que vocês estão pensando que não é novidade eu implicar com as mocinhas, e garanto que tentei com todas as forças gostar da Jenny, só que não deu.  Para começar ela faz burrada do começo ao fim do livro, além disso a falta de coerência nas atitudes dela chega a ser insuportável. É o velho e já conhecido caso da autora tentar passar a imagem que a protagonista é forte, decidida e independente quando na realidade ela passa a história toda tendo atitudes completamente opostas disso. Ok! Algumas dessas atitudes são até “compreensíveis”, mas mesmo que você tenha um coração muito bondoso dificilmente vai conseguir relevar o tempo todo o comportamento muitas vezes “infantil” da Jenny.

O Royce é aquele mocinho pelo qual desenvolvemos uma relação de amor e ódio na mesma proporção. E não nego que terminei a leitura achando que ele merecida alguém melhor. Tipo, apesar de ser irritantemente mandão e da fama terrível que acompanha o seu nome, Royce sabe ser uma pessoa justa e legal àqueles que ama. E assim, por baixo de toda a pose de “eu sou mal” no fundo ele só está procurando alguém que o ame de verdade. Clichê, eu sei, mas levando em conta a proposta do livro é algo já esperado.

Judith McNaught escreveu um romance previsível do começo ao fim. E o fato dela ter focado muito a obra nos protagonistas faz com que a pouca participação dos personagens secundários se destaque em especial da tia Elinor, funcionado como um bom “respiro” na narrativa. Até por que como mencionei acima a Jenny consegue ser bem irritante quando quer, e com isso levando o Royce a ter atitudes irritantes também. Além disso, a narrativa é fluida e o contexto histórico em que ela se encontra, o século XV é um dos meu favoritos.

No geral gostei do que encontrei em O Reino dos Sonhos, já que a obra entrega exatamente aquilo que se propõem. Só que não nego que infelizmente esperava ter me envolvido mais com a história do que na verdade me envolvi.O que é realmente uma pena.

“– Por que sinto que eu é que fui conquistado quando é você quem cede?
Jenny se encolheu e virou as costa para ele, enrijecendo os ombros frágeis.
– Não foi mais do que a um pequeno combate que cedi, Vossa Alteza; a guerra ainda está travada.”

Para quem está em busca de um romance leve e bem açucarado, O Reino dos Sonhos é uma boa opção. Pode não ser o melhor livro que você vai ler na sua vida, mas ainda assim é aquele tipo de obra que ao final vai deixar o seu coração mais quentinho.

maio 31, 2018

A Tenda Vermelha por Anita Diamant

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9788576864448
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 294
Classificação: Muito Bom
Sinopse: Uma história extraordinária sobre a condição ancestral da mulher. Um livro emocionante que traz poderosas lições de amor, perdão e sororidade. O livro que deu origem à série da Netflix Seu nome é Dinah. Na Bíblia, sua vida é mencionada em um breve episódio no livro do Gênesis, nos capítulos sobre seu pai, Jacó. Narrado na voz de Dinah, este romance revela as tradições e as turbulências de ser mulher na antiguidade. A tenda vermelha era o lugar em que as mulheres se reuniam durante seus ciclos de nascimento e menstruação ou quando estavam doentes. Imaginando as conversas e os mistérios mantidos dentro dessa tenda exclusivamente feminina, Anita Diamant nos oferece um olhar privilegiado sobre a vida diária das quatro esposas de Jacó, mães de seus doze filhos homens, e sobre o convívio com sua única filha, Dinah. Com o resgate desse olhar feminino, conhecemos as fascinantes mulheres que sangraram, trocaram palavras, experiências e rituais na tenda vermelha. Em uma voz íntima e poética, Dinah sussurra histórias sobre suas quatro “mães”, Raquel, Lia, Zilpah e Bilah, que a inspiraram com seus traços femininos únicos. Conforme histórias permeadas de sensualidade, intuição e fortes emoções vão sendo narradas, descortina-se um mundo de caravanas, escravos, artesãos, príncipes, milagres e segredos femininos, até o momento em que Dinah mergulha em sua própria saga de paixão, traições e sofrimento.

Toda história tem dois lados e quando falamos de fatos narrados da Bíblia, ouso dizer, que aquilo que nos é passado é somente a ponta do iceberg. Por esse motivo assim que soube do relançamento de A Tenda Vermelha da autora Anita Diamant, fiquei curiosíssima para me aventurar pelas páginas da obra. Afinal, quem não gostaria de saber mais sobre personagens que mesmo depois de tantos séculos ainda são lembrados por povos de todo mundo.  Com uma narrativa rica e detalhada, Anita Diamant nos leva por uma viagem no tempo, cheia de misticismo, mistérios e feminilidade.

Seu nome é Dinah, filha de Lia e Jacó e única mulher entre os doze filhos homens que o patriarca teve. Na Bíblia, ela é rapidamente mencionada no livro de Gênesis em um episódio triste que muitos conhecem apenas como o, - “estupro de Dinah”. Porém, como podemos imaginar a vida dessa jovem mulher não de resumiu somente a esse acontecimento isolado.

Com muita delicadeza e riqueza de detalhes Dinah nos guia pela história de sua família, nos proporcionando um novo olhar sobre fatos conhecidos e nos fazendo questionar o por que tanto foi esquecido. A protagonista começa a sua narrativa nos contando a história de Lia sua mãe de sangue e das irmãs dela: Zilpah, Raquel e Bilah.

Todas mulheres fortes que foram criadas para se manter as sombra dos homens e que tiveram suas vidas entrelaçadas não somente pelos laços familiares, mas pelo casamento como o mesmo homem, Jacó. Para Dinah todas elas eram suas mães e a inspiram cada uma a seu modo a ser uma grande mulher também.

Acredito que a história de Jacó, filho de Isaac e neto do patriarca bíblico Abrahão seja conhecida até mesmo para àqueles que não seguem nenhuma religião específica. E é exatamente por isso que há meu ver A Tenda Vermelha é um livro tão único e belo, pois ao trazer a possível visão feminina da história, Anita Diamant tornou esses personagens lendários reais.

O que me chamou a atenção em A Tenda Vermelha foi justamente o fato da narrativa ser feminina. Pois, pouco se sabe dessas mulheres que foram tão importantes dentro de suas comunidades e que infelizmente acabaram tendo suas vozes silenciadas pelos homens nos livros bíblicos.

Uma boa parte da narrativa se passa na tenda vermelha, um lugar sagrado e íntimo para as mulheres, onde elas se reuniam durante o período menstrual ou quando estavam doentes. A tenda era um lugar místico onde essas mulheres festejavam a renovação de seu ciclo e agradeciam a deusa as bênçãos que recebiam. Dinah cresceu na tenda, convivendo com parteiras e desde de muito cedo aprendendo os segredos e os milagres do corpo feminino.

O interessante aqui é que Anita Diamant detalha em pormenores a rotina diária dessas mulheres. Sem medo e vergonha de ser o que elas eram, porque justamente o fato de serem mulheres era o que fazia delas pessoas tão fortes. O que me fez questionar em muitos momentos que não é de hoje que as mulheres são tratadas como "sexo frágil" e colocadas em uma posição inferior aos homens.

Dinah é uma protagonista cativante e acompanhar sua jornada desde seu nascimento, passando pelos momentos leves e felizes da infância até chegar a vida adulta torna a leitura de A Tenda Vermelha especialmente marcante. Afinal quantas mulheres não se vêm hoje, na mesma posição de Dinah, sozinhas e assombradas por situações traumáticas de seu passado que muitas vezes foram causadas por pessoas a quem amavam.

A Tenda Vermelha é uma obra que exalta o poder feminino com toda a sua beleza e força. Através de personagens icônicas como Lia, Zilpah, Raquel e Bilah, a autora Anita Diamant nos mostra o quanto nós, - mulheres temos poder. Pois a ligação dessas mulheres não se dá apenas por que “dividem” o mesmo marido e sim, por que na intimidade da tenda vermelha elas criaram uma ligação única baseada no amor e dedicação uma para as outras. E isso sem dúvidas torna esse livro emocionante e poético.

"(...)Também é assim com as pessoas que são amadas. Basta algo insignificante como um som, um nome para trazer de volta os incontáveis sorrisos e lágrimas, suspiros e sonhos de uma vida humana."

Embora a princípio possa parecer mais uma obra de ficção, A Tenda Vermelha é uma narrativa bela que busca dar voz às mulheres que a História apagou. Singela, tocante e ao mesmo tempo de uma força incrível a narrativa de Anita Diamant é inspiradora.

maio 24, 2018

A Força que nos Atrai por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.


ISBN: 9788501301529
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 308
Classificação:
Sinopse: Série Elementos – Livro 04.
Graham e Lucy não foram feitos um para o outro. Mas é impossível resistir à atração que os une. Graham Russel é um escritor atormentado, com o coração fechado para o mundo. Casado com Jane, um relacionamento sem amor, ele vê sua vida virar de cabeça para baixo quando Talon, sua filha, nasce prematura e corre risco de morte. Abandonado pela esposa, ele agora precisa abrir seu frio coração para o desafio de ser pai solteiro. A única pessoa que se oferece para ajudá-lo é Lucy, a irmã quase desconhecida de Jane. Apaixonada pela vida, falante e intensa, ela é o completo oposto de Graham. Os cuidados com a bebê acabam aproximando os dois, e Lucy aos poucos consegue derreter o gelo no coração de Graham. Juntos, eles descobrirão o amor, mas os fantasmas do passado podem pôr tudo a perder.

Estou há alguns minutos olhando para a tela de meu notebook sem saber ao certo como começar essa resenha. A série Elementos da autora Brittainy C. Cherry terá sempre um lugar especial em meu coração, pois cada uma de suas história me tocou e emocionou de uma forma diferente. E ouso fizer que a autora deixou o melhor para o final, por que A Força que nos Atrai é sem dúvidas, um dos romances mais doces e lindos que já li em minha vida.

Graham Russell é um escritor de inúmeros best-sellers de terror, e assim como as histórias que escreve tem um alma atormentada pelos fantasmas de um passado sombrio. Para o mundo exterior a vida de Graham é perfeita, mas a verdade é que quase tudo em sua vida é uma fraude incluindo que seu casamento por conveniência com Jane.  Quando a bebê do casal, Talon nasce prematura e fica entre a vida e a morte, Jane abandona a família deixando Graham desesperado.

Porém é nesse momento tão conturbado que Lucille, ou Lucy a irmã que Jane sempre fez questão de manter longe de sua vida aparece. Lucy é o extremo oposto da irmã e de Graham, pois enquanto os dois são frios e fechados para o mundo, ela é um espírito livre e vive cada minuto de forma apaixonada. A princípio Graham faz de tudo para mantê-la distante, mas ela não se deixa abalar pelo modo rude dele, ao contrário sem ele perceber Lucy começar a fazer parte do seu dia a dia.

Conforme o tempo passa, o amor por Talon e a convivência faz com que surja uma amizade e um companheirismo até então improvável para alguém como Graham. Afinal, ele é a pessoa que não se permiti a sentir nada, enquanto Lucy sente tudo. E aos poucos a hippie esquisita acaba preenchendo todos os espaços vazios de sua vida e principalmente de seu coração.

E mesmo sabendo que estão apaixonados um pelo outro, tanto Graham como Lucy tem medo de assumirem esse sentimento, pois embora Jane tenha partido a presença dela ainda está entre eles. Mas, será que eles vão conseguir negar o que sentem um pelo outro por muito tempo? Graham e Lucy vão descobrir a força que o verdadeiro amor tem, e que quando ele surgi ninguém consegue nega-lo e fugir dele.

Confesso que ao escolher A Força que nos Atraí para ler em uma noite de sábado, esperava encontrar um romance com uma boa carga dramática e clichê que encontrei nos livros anteriores da autora. Em partes a narrativa possui todos esses elementos, porém o que torna esse livro tão incrível e emocionante é o modo como Brittainy C. Cherry construiu toda a história.

O romance entre Graham e Lucy não é fast, não é aquela paixão rompante que surgiu do dia para noite, e sim um relacionamento que foi construído aos poucos. E acompanhar a trajetória deles e ver como os sentimentos deles se transformam da “necessidade” de ter um apoio por conta da Talon para o amor é lindo. E toda a carga dramática é desenvolvida com muita leveza e suavidade o que nos torna ainda mais próximos dos personagens.

Além disso, Brittainy conseguiu trabalhar muito bem os personagens secundários. Aqui eles não são meros coadjuvantes, mas peças fundamentais para torna a narrativa ainda mais fluida e envolvente. Adorei o Ollie e a Mary, do mesmo modo que fiquei com muita raiva da Mari e principalmente da Jane em alguns momentos. Tudo bem que algumas atitudes egoístas delas são “compreensíveis”, mas no caso da Jane isso não justifica abandonar a filha (...).

As últimas cem páginas li com lágrimas nos olhos, e ao final fiquei com um sorriso bobo no rosto e com o coração mais quentinho. De todos os livros da série, O Ar que Ele Respira até então era o meu favorito, porém depois de ler A Força que nos Atrai isso mudou um pouquinho. É impossível não se apaixonar perdidamente pela história de Graham e Lucy e não desejar para si um relacionamento construído através de uma amizade, que é forte o suficiente para passar por todos os obstáculos que tanto a vida como nós mesmo colocamos em nosso caminho.

“Chegará um momento em que vou decepcioná-la. Não quero que isso aconteça, mas acho que, quando as pessoas se amam, às vezes elas decepcionam umas as outras.”

Fechando a série com chave de ouro, Brittainy C. Cherry ao longo de quatro belas narrativas, nos presenteou com personagens fortes e cativantes que nos encantam com suas histórias de superação e amor. Mas posso esperar para ler o próximo livro da autora ().

Veja Também:

maio 09, 2018

A Heroína da Alvorada por Alwyn Hamilton

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788555340680
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 384
Classificação: Muito Bom
Onde Comprar
Sinopse: A Rebelde do Deserto – Livro 03.
Quando a atiradora Amani Al-Hiza escapou da cidadezinha em que morava, jamais imaginava se envolver numa rebelião, muito menos ter de comandá-la. Depois que o cruel sultão de Miraji capturou as principais lideranças da revolta, a garota se vê obrigada a tomar as rédeas da situação e seguir até Eremot, uma cidade que não existe em nenhum mapa, apenas nas lendas — e onde seus amigos estariam aprisionados. Armada com sua pistola, sua inteligência e seus poderes, ela vai atravessar as areias impiedosas para concluir essa missão de resgate, acompanhada do que restou da rebelião. Enquanto assiste àqueles que ama perderem a vida para soldados inimigos e criaturas do deserto, Amani se pergunta se pode ser a líder de que precisam ou se está conduzindo todos para a morte certa.

Não é segredo para ninguém que acompanha o blog há mais tempo, que a trilogia A Rebelde do Deserto a princípio me causou certa "desconfiança", para depois me conquistar por completo. Por isso, acredito que seja um pouco óbvio dizer que A Heroína da Alvorada, último livro da trilogia era um dos livros mais esperados por mim esse ano. Porém, mesmo que ao final a leitura tenha se mostrado emocionante e deixado aquele sentimento nostálgico de saudades, não nego que esperava um pouco mais.

Pode conter spoilers dos livros anteriores, por isso quem não quiser colocar sua conta em risco pode pular três parágrafos.

Depois de ser resgatada do palácio do sultão e reencontrar Jin, Amani se vê em uma posição que jamais se imaginou, - a de líder da Rebelião. Perdida e sem saber direito o que fazer ela parte em direção a Eremot, uma cidade mística em que segundo as informações que os rebeldes tiveram é onde Ahmed, Shazad, Rahim e outros membros importantes para a rebelião estão presos. Mas, chegar a Eremot não será uma tarefa simples, até por que para começar a cidade não aparece em nenhum mapa.

Entre as impiedosas areias do deserto e um reencontro com sua origem, Amani se vê cada vez mais vulnerável e com medo de estar levando o que restou da rebeldes e Jin em direção a morte. E agora, além de precisar encontrar um meio de libertar o povo de Miraji da tirania do sultão, um inimigo ainda mais poderoso e perigoso surge em seu caminho. Alguém que até mesmo os antigos djinni temem.

Quanto mais se aproxima do seu objetivo final, mais insegura do caminho que deve seguir Amani fica. Afinal ela está escondendo um segredo de todos, algo que pode mudar o destino da rebelião e selar o seu para sempre. Será que a aquela menina que saiu da Vila da Poeira, conseguira sobreviver as próprias escolhas? Ou o deserto e sua misteriosa magia serão implacáveis?

O meu grande problema com A Heroína da Alvorada foi começar a leitura com muitas expectativas. Sim a velha e nada boa expectativa (...). Por ser o último livro de uma trilogia marcada por uma narrativa ágil e com uma boa dose de ação, eu esperava que a história aqui mantivesse o mesmo ritmo. Porém, fui surpreendida por uma narrativa mais lenta o que em muitos momentos passava a sensação que a história “não saía do lugar”.

Gostei da inserção de pequenos contos entres os capítulos, pois algo que sempre me incomodou um pouco na narrativa era o fato dela ser focada apenas no ponto de vista da Amani. Através desses contos conseguimos conhecer melhor personagens importantes dentro do universo criado por Alwyn Hamilton e assim entendendo melhor as motivações que cada um tinha para estar ali, na rebelião.

É visível a evolução que Amani teve no decorrer da trilogia, assim como o de Jin (). Em um determinado ponto, ele deixa de ser um mero personagem coadjuvante para se tornar um protagonista forte. É nesse momento em que percebemos a dimensão do amor dele e Amani. O que mais agrada nos dois é que eles não são aquele casal clichê, que acabam colocando em primeiro lugar suas necessidades e sentimentos e por conta disso agindo de forma egoísta.

Amani e Jin, muitas vezes deixaram de lado o amor que sentem um pelo outro em prol de algo maior que acreditam. E isso é lindo e ao mesmo tempo angustiante de acompanhar, pois não há certeza que ao final eles terão o seu “feliz para sempre”. Afinal, a vida é feita de escolhas e na maioria das vezes elas não são fáceis (...).

Em A Heroína da Alvorada, Alwyn Hamilton teceu uma história que mesmo falhando em alguns pontos, consegue ser surpreendente nos capítulos finais. E não nego que a autora me levou às lágrimas, em especial nos momentos mais importantes da narrativa. Alwyn é aquele tipo de autora que não tem medo de tirar um personagem da história, se essa decisão for o melhor para o desenvolvimento dela. E por mais que algumas perdas doam, elas são fundamentais para o desfecho emocionante da trilogia.

Esperava um pouco mais? Sim, não nego. Só que mesmo com um começo tímido e um pouco lento, conforme fui avançando na leitura me vi cada vez mais envolvida pela narrativa. Alwyn Hamilton pode ter “errado” o tom em alguns momentos, mas soube conduzir a história que tinha em mente para um final que sem dúvidas, encanta e deixa os fãs da trilogia com o coração apertado de saudades.

“Ambos se dissolvendo em areia, poeira e faíscas, até sermos estrelas infinitas entrelaçadas na noite.”

Para os fãs de boas histórias de ação, magia e com aquele toque irresistível de romance, a trilogia A Rebelde do Deserto é uma opção maravilhosa de leitura! Não somente por conter os itens que citei, mas também por possuir personagens fortes e cativantes. No final mesmo com algumas "falhas de percurso" Alwyn Hamilton, conseguiu vencer a minha desconfiança e conquistar o meu coração.

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abril 01, 2018

Anjo Mecânico por Cassandra Clare

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788501092687
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2012
Número de páginas: 392
Classificação: Muito bom
Sinopse: As Peças Infernais – Livro 01.
Tessa Gray tem um anjinho mecânico pendurado no pescoço, um presente de família do qual nunca se separa. O tique-taque do pingente faz com que ela se sinta segura junto à lembrança dos pais, que já morreram. Mal sabe Tessa que esse barulhinho muito em breve vai se tornar o odioso som de um exército comandado por forças do Submundo. Com os Caçadores de Sombras e seu recém-descoberto poder sobrenatural, ela enfrentará uma guerra mortal entre os Nephilim e as máquinas do Magistrado, o novo comandante das trevas na Londres vitoriana.

Quem acompanha o blog há mais tempo, sabe que depois de Harry Potter um dos meus universos favoritos, é o dos Caçadores das Sombras. O mundo criado pela autora da Cassandra Clare é tão fantástico e repleto de tantos detalhes, que a cada leitura fico ainda mais encantada por ele. Já tinha pegado alguns spoilers da trilogia As Peças Infernais quando li a Dama da Meia – Noite, e por isso estava bastante curiosa para conhecer melhor o passado de alguns personagens.  E apesar, do começo um pouco lento de o Anjo Mecânico, ao final me vi mais uma vez completamente envolvida pela escrita da autora e apaixonada pela história e seus personagens.

Theresa Gray, ou simplesmente Tessa atravessa o oceano para encontrar com irmão Nate na cinzenta e chuvosa Londres. Ela tinha em mente um reencontro feliz, porém as coisas não acabam saindo como o esperado. Assim que desembarca na cidade, a jovem acaba sendo sequestrada pelas irmãs sombrias.  A ameaça é clara, ou Tessa colabora ou Nate pagará com a vida, pela desobediência da dela. Durante a sua estadia forçada na casa das terríveis mulheres a jovem descobre possuir uma habilidade incomum, e é justamente esse seu talento que a torna tão preciosa para o misterioso Magistrado.

Will Herondale e Jem Carstairs encontram uma adaga com um símbolo do submundo próxima a uma garota mundana assassinada. Decidido a investigar o que anda acontecendo, Will acaba chegando a casa das irmãs sombrias. Enquanto tenta encontrar provas que liguem as irmãs aos crimes que vem acontecendo na cidade, ele encontra Tessa e a liberta do cativeiro. A jovem então descobre que todas as lendas que ouviu quando criança, são reais e que existe um mundo à parte daquele que sempre conheceu, em que descendentes de anjos e demônios vivem em um frágil pacto de paz.

Will a leva para o Instituto a casa dos Caçadores das Sombras, mas apesar de estar finalmente livre das garras das irmãs sombrias, Tessa continua sem notícias do irmão. A medida que busca desesperadamente encontrar alguma pista que revele o paradeiro do irmão, Tessa aos poucos vai aprendendo mais sobre como as coisas funcionam no mundo dos Caçadores das Sombras e os seus habitantes. Os dias passam rapidamente e Tessa se vê cada vez mais envolvida por Will, ao mesmo tempo que uma ligação forte surge com Jem.

Mas, algo terrível está sendo tramado nas sombras. Afinal, o Magistrado continua atrás dela e fará de tudo para atingir seus objetivos malignos e para isso ele está construindo um exército que nem anjos e demônios serão capazes de derrotar.  Ao lado de desconhecidos e novos amigos Tessa está prestes a entrar em uma batalha de vida ou morte, em ela aprendera que a verdade pode ser terrivelmente dolorosa. 

Anjo Mecânico possui uma narrativa bem introdutória, tanto que confesso que até a metade do livro eu não me via tão “empolgada” com a leitura. Porém, como estamos falando de Cassandra Clare, a autora consegue mesmo com esse ritmo mais lento inserir elementos que despertam a nossa curiosidade e que aos poucos vão nos envolvendo a cada capítulo. Gostei muito do modo como a autora construiu a os alicerces da trilogia As Peças Infernais, pois é visível que temos uma história mais madura e até mesmo mais "sombria", quando comparamos ela como o início de Os Instrumentos Mortais.

Tessa é uma personagem que evolui gradativamente conforme a narrativa avança, mas não nego que em alguns momentos as atitudes “ingênuas” demais da protagonista me incomodaram. Além disso, o fato da autora inserir um bendito triangulo amoroso na história também não me deixou muito feliz, em especial por que Will e Jem são completamente opostos.

Will é o típico bad boy, convencido e arrogante que seguindo o clichê, guarda um segredo triste de seu passado. Já Jem, é o “bonzinho” que mesmo tento sofrido uma grande perda no final de sua infância, consegue ser aquela pessoa que sempre sabe o que dizer e fazer para tranquilizar os outros. E se vocês, estão se perguntando se sou #teamWill ou #teamJem, acho que ficou óbvio que sou #teamJem ().

Porém, o ponto mais positivo nessa obra da Cassandra Clare, ao menos em minha opinião, é o papel desempenhado pelos personagens secundários. Aqui eles não são apenas personagens coadjuvantes que ficam apagados em grande parte da narrativa. Pelo contrário eles são personagens ativos e importantes no desenvolvimento do enredo. Gostei bastante da Sophie, do mesmo modo que criei uma antipatia enorme pela Jessamine. Só que não nego que a melhor participação foi o do meu personagem favorito de todo universo da Cassandra Clare, - Magnus Bane ().

Além disso, adorei a reviravolta que a autora dá na história. De algumas coisas eu até desconfiava, porém mesmo que tia Cassie tenha deixado mais perguntas do que realmente dado respostas, ela realmente conseguiu me surpreender aqui. Tanto as descrições da Londres vitoriana, como os poemas presentes no  começo de cada capitulo, tornam o enredo mais rico e fazem com que o leitor realmente se sinta parte da história que está lendo.  Como comentei no começo da resenha, Anjo Mecânico é um livro bastante introdutório o que torna o seu desenvolvimento demorado, mas sem sombra de dúvidas satisfatório.

“– Boa parte é verdade, se quer saber. As melhores mentiras são baseadas ao menos em parte na verdade.”

Ao finalizar a leitura de Anjo Mecânico a primeira pergunta que me fiz foi, o por que demorei tanto para ler ele. E admito que uma parte minha está bastante ansiosa para ler Príncipe Mecânico, mesmo já sabendo mais ou menos o que acontece graças aos spoilers que pegamos na vida (...). Cassandra Clare é uma autora incrível que a cada livro me deixa ainda mais apaixonada por suas obras. Se você ainda não deu uma chance para os Caçadores de Sombras conquistar o seu coração, não sabe o que está perdendo.

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