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janeiro 16, 2019

O Ódio que você Semeia por Angie Thomas

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501116130
Editora: Galera Record
Ano de Lançamento: 2017
Número de páginas: 378
Classificação: Muito Bom
Onde Comprar.
Sinopse: Durante o dia, Starr estuda numa escola cara, com colegas brancos e ricos. No fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia. Ainda muito nova, Starr aprendeu com os pais como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo.  Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas, Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa.

O Ódio que você Semeia foi a minha última leitura em 2018, e apesar de sempre ter sido um livro bem comentado na época do lançamento, a obra da autora Angie Thomas até então não tinha chamado muito minha atenção. Em partes porque sempre fico com o meu pé atrás com livros que aparentemente se tornam “unanimidade” e principalmente porque não sentia que era um bom momento para uma leitura mais densa por assim dizer. Só que verdade seja dita, foi justamente dessa densidade, de algo que me causasse um impacto profundo durante a leitura, que mais senti falta.

Starr e sua família vivem no gueto dominado por gangues rivais e alvo constante da opressão policial. Os pais de Starr desde de muito cedo a ensinaram como uma pessoa negra deve comportar na frente de um policial e até então a adolescente leva uma vida normal, apesar de muitas vezes sentir que vive em mundos completamente diferentes. O mundo no gueto pobre e violento e o mundo perfeito de sua escola cara, com seus colegas brancos e ricos. Porém, o que Starr não podia imaginar é que seus mundos estavam prestes a se chocar.

Em uma noite ao voltar de uma festa com seu amigo de infância Khalil eles são parados por um policial. Embora Starr sinta que tudo acontece em câmera lenta, a verdade é que tudo foi rápido demais. Um movimento brusco, uma suposição errada e tiros atingem Khalil. Seu melhor amigo está morto e a única pessoa que sabe o que realmente aconteceu naqueles poucos minutos é ela.

Agora Starr vai precisar decidir se continua vivendo paralelamente em seus mundos distintos, ou fará justiça a Khalil. Entre vencer o medo e encontrar sua voz a jovem acaba descobrindo que o preconceito usa várias máscaras e que é sempre mais fácil fazer suposições do que encarar os fatos.  Fatos esses que só serão exposto se ela tiver coragem e fazer com que todos escutem a sua voz. Mas, será que ela está disposta a pagar o preço por isso?

O Ódio que você Semeia aborda um tema atual, e não falo somente no que diz ao racismo inter-racial, mas no preconceito como um todo, especialmente levando em conta a grande onda de intolerância de todo o gênero e tipo pelo qual o mundo passa. A história de Angie Thomas é ambientada Estados Unidos, mas infelizmente ela não é tão distante assim do que acontece em algumas regiões aqui do Brasil. Só que uma parte de mim, sentiu que ficou faltando um aprofundamento maior nos problemas sociais enfrentados por Starr e sua comunidade no desenvolvimento da narrativa.

Não estou dizendo que a narrativa é superficial, pelo contrário para o público adolescente ao qual é destinado, O Ódio que você Semeia cumpre o seu papel e entrega uma mensagem importante. Porém, para o público mais adulto alguns elementos da obra podem acabar parecendo soltos e irrelevantes na abordagem do tema principal da história.

Para começar em diversos momentos senti que a autora focava mais a narrativa no cotidiano familiar e dramas pessoais da protagonista, do que abordava os problemas causados pela violência tanto policial como das gangues dentro da comunidade. De verdade, senti falta de algo que realmente me chocasse e levasse as lágrimas durante a leitura. Acredito que se a autora tivesse explorado outros núcleos como o da família do próprio Khalil, por exemplo, e os efeitos que a morte precoce do personagem causou a narrativa teria funcionado melhor comigo.

Isso não quer dizer que eu não gostei da Starr, a verdade é que em muitas situações tive dificuldade de me conectar com a personagem, pois parecia que ela própria não se sentia "confortável na própria pele”. Eu não conseguia ver o sentido dela ser uma pessoa diferente no gueto e na escola e principalmente esconder coisas importantes do Chris, seu namorado. Claro que durante o desenvolvimento da história é visível o amadurecimento que a personagem tem. Starr precisou enfrentar o próprio medo e de certo modo sair de sua zona de conforto para fazer a sua voz ser ouvida na multidão. E isso sem dúvidas, faz dela uma grande personagem.

Gostei bastante dos personagens secundários em especial da mãe da Starr, Lisa e do irmão mais velho dela, o Seven. Na verdade, embora Starr seja a grande protagonista da história, Angie Thomas construiu uma narrativa em que cada personagem desenvolve um papel-chave, até mesmo aqueles com participações menores. Por esse motivo, volto a dizer que a autora poderia ter intercalado a narrativa por outros pontos de vista e não centralizado tudo na Starr. Outro ponto é que achei o final corrido e abrupto, como se a autora estivesse com “pressa” se terminar a história.

O Ódio que você Semeia traz uma reflexão importante sobre a forma como nós nos comportamos e pregamos como sociedade, em especial para aqueles que são pais. Porque a criança em si ela é livre de preconceitos seja de raça, credo ou orientação sexual. Quem muitas vezes incute o pré-conceito em uma criança é a família e o pior é que muitas vezes nem percebemos o quanto comentários “banais” que fazemos em nosso dia a dia são preconceituosos.

Com uma linguagem simples, fluida e envolvente, O Ódio que você Semeia é um lembrete que embora muita coisa no mundo tenha evoluído, ainda não conseguimos acabar com alguns dos nossos maiores problemas: o preconceito.

 “Logo cedo, eu aprendi que as pessoas comentem erros, e você tem que decidir se os erros são maiores do que seu amor por elas.”

Mesmo não tendo correspondido às minhas expectativas como leitora, acredito que O Ódio que você Semeia é uma leitura atual e válida tanto aqui no Brasil, como em outro lugar do mundo. Pois, a intolerância e a falta de respeito e amor ao próximo estão cada vez mais fortes em nossa sociedade.

E as únicas pessoas que podem mudar essa triste realidade somos nós mesmos, seja nos policiando diariamente em relação aos nossos ações, comentários e pensamentos, mas principalmente na forma como educamos as nossas crianças. Afinal o ódio que semeamos cedo ou tarde se volta contra a gente.

janeiro 09, 2019

Um Dia de Dezembro por Josie Silver

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.





ISBN: 9788528623666
Editora: Bertrand Brasil
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 392
Classificação: Regular
Sinopse: Laurie não acredita em amor à primeira vista. Afinal de contas, a vida não é a cena de um filme romântico. Mas, então, em uma manhã de dezembro fria e com neve, o ônibus de dois andares em que voltava para casa para em um ponto. Ao olhar para baixo, ela o vê. Por um segundo transcendental, seus olhos se encontram... e então o ônibus começa a andar. Depois de muitos meses com a esperança de cruzar novamente com ele, Laurie acha que nunca mais verá o garoto do ônibus.  No entanto, um ano depois, em uma festa de Natal, sua melhor amiga, Sarah, apresenta o novo namorado, o grande amor de sua vida. Para seu profundo desespero e surpresa, ele é ninguém menos que o garoto do ônibus. Determinada a esquecê-lo, Laurie segue com sua vida. Mas e se o destino tiver outros planos?

A minha intenção era postar a resenha desse livro antes do Natal. Porém, Um Dia de Dezembro da autora Josie Silver, acabou se revelando uma leitura um pouco “complicada”. Por isso, achei melhor não escrever essa resenha no calor do momento e sim esperar alguns dias. Sim, tive problemas com a narrativa, com os protagonistas e confesso que foi por pouco, mais muito pouco mesmo que não abandonei a leitura.

Em um dia frio de dezembro às vésperas do Natal, Laurie está em um ônibus pensando em seus problemas quando em uma das paradas vê um rapaz. Laurie nunca foi do tipo de acreditar em amor à primeira vista, porém algo naquele rapaz parado ali no ponto de ônibus mexe com ela. É como se uma estranha e irresistível conexão entre os dois tivesse surgido naqueles poucos segundos. A jovem tem a sensação que encontrou o amor de sua vida e fica determinada a encontrá-lo novamente.

Um ano se passa, e por mais que Laurie tenha procurado seu grande amor por toda Londres, sua busca foi sem sucesso. Ela sabe que não faz mais sentido ficar procurando por alguém que ela viu por poucos segundos e decide que já passou da hora de seguir em frente e esquecer o rapaz. Durante a festa de Natal, Sarah a sua melhor amiga apresenta o novo namorado, Jack que para surpresa de Laurie é ninguém menos do que o rapaz do ponto de ônibus. Entre o amor de sua vida e a melhor amiga, Laurie decide esquecer qualquer sentimento que ainda possa ter por Jack e focar seus esforços em sua vida profissional.

Mas, conforme os anos se passam conviver com Jack e Sarah como um casal não torna a determinação de esquecer seu grande amor mais fácil. Entre encontros e desencontros Laurie, Jack e Sarah vão descobrindo as alegrias e tristezas que a vida adulta traz. E principalmente como um segundo, uma decisão pode mudar a sua vida para sempre.

Não é segredo para ninguém que não gosto de triângulos amorosos, porém como eles são praticamente inevitáveis nos romances, eu meio que consegui ignorar que a base da narrativa de Um Dia de Dezembro é um triângulo amoroso. O que eu não consegui ignorar foi a falta de carisma dos protagonistas e o lenga-lenga sem fim a que a história parecia estar condenada.

Outro ponto é que não acredito em paixão instantânea, então foi bem difícil engolir o fato de Laurie ter se apaixonado perdidamente, por alguém que ela viu por alguns segundos em um ponto de ônibus. Sério, fiquei mais de uma semana sem chegar perto do livro, porquê de verdade eu não me sentia conectada com a narrativa e com os personagens. O que me deixou com uma frustração enorme por que a escrita da Josie Silver em si é fluída.

Acredito que o problema da narrativa comigo, foi o modo como a autora construiu as personalidades dos personagens. Elas são tão contratantes que praticamente imploram para você escolher um lado da história. Enquanto Laurie passa praticamente todo o livro se lamentando em um estado de apatia constante, Sarah é alegre e divertida, do tipo que sabe o que quer e corre atrás de seus objetivos. Era muito mais interessante acompanhar a vida de Sarah do que a de Laurie.

Já o Jack não sei nem o que comentar (...). No começo eu até “simpatizei” com ele, mas conforme a narrativa avança ele tem tantas atitudes cretinas que admito em muitos momentos torci para que ele ficasse sozinho, por que era isso que ele merecia. Além disso, nenhum momento senti uma química verdadeira entre Laurie e Jack, o que por consequência tornou bem difícil enxergá-los como um casal. Outro ponto, foi que achei a presença de um personagem em especial perdida no meio de todo o drama que a autora criou.  A partir do ponto que ele aparece, você sabe que o coitado está ali para “tapar buraco” e que a sua participação não vai mudar em nada o desfecho na história. 

Um Dia de Dezembro possui todos os elementos que normalmente funcionam comigo em livros do gênero. Tanto que vi muitas pessoas comparando ele com Um Dia e Simplesmente Acontece. Porém mesmo eu não gostando de Um Dia como um todo, na época que li eu consegui sentir que apesar dos encontros e desencontros o casal principal combinava, que eles tinham um futuro juntos. Só que em momento algum, mesmo torcendo para estar errada eu senti que a relação de Laurie e Jack tinha futuro.

O pior de tudo isso é você perceber que a história tinha um potencial enorme de se tornar uma dos seus romances favoritos, mas acaba sendo um romance mediano. Em minha opinião Josie Silver “pecou” não somente em dar à narrativa um ritmo lento com capítulos em que nada de relevante acontecia, mas principalmente por ter “atropelado” o final.  Não nego que embora corrido, eu achei o final “fofinho”, mas assim no contexto geral da obra, infelizmente senti que ficou faltando alguma coisa.

“(...), na vida, sempre chegamos a um ponto em que temos que escolher a felicidade porque é cansativo demais ficar sempre triste.”

Não digo que Um Dia de Dezembro é um livro “ruim”. Talvez o problema é que eu posso ter lido ele em um momento errado, e por isso a história não funcionou muito bem comigo. Porém, não nego que durante toda a leitura fiquei esperando por aquele momento arrebatador, que deixasse meu coração mais quentinho e um sorriso bobo em meu rosto. Só que isso não aconteceu, o que realmente foi uma pena.

janeiro 06, 2019

12 livros para ler em 2019

| Arquivado em: CAFÉ LITERÁRIO.

Olá, pessoas!

Primeiro post de 2019 e eu, a pessoa que evita estabelecer metas está aqui para compartilhar uma meta para esse novo ano, - 12 livro para ler em 2019.


Em 2013 eu cheguei a fazer uma lista de doze livros que eu precisava ler durante o ano. Consegui ler sete livros que estavam na minha lista, ou seja cerca de 60% da meta foi cumprida.

Então nos últimos dias de 2018 enquanto me organizava pensei: “Por que não tentar de novo?”. Afinal, faltou pouco para eu bater a meta. Portanto, aqui está essa blogueira compartilhando com vocês a lista dos 12 livros que ela colocou como meta ler em 2019.

12 livros para ler em 2019: 

Como você puderam perceber os 12 livros que separei para ler são todos romances de época. Confesso que propositalmente evitei os livros do gênero no ano passado, porque senti que estava tudo meio igual, ou seja eu estava um pouco “saturada” dos romances de época.

Porém, esse é um dos meus gêneros favoritos e por conta dessa minha “abstinência” auto imposta, não conclui várias séries que eu estava lendo. Então, a minha “prioridade literária”, por assim dizer é ler esses 12 livros.

Tem outros livros na minha estante que precisam ser lidos também, mas como tudo da vida é foco quando criei a lista optei por focar em um estilo que eu amo e livros que na teoria a narrativa fluem melhor. Até por que como vocês sabem, não sou do tipo que faz metas mirabolantes, mesmo sabem que sim, preciso sair da minha zona de conforto literária. Porém, como já diz o velho ditado; Um passo de cada vez.

Agora quero saber de vocês, quais são suas metas literárias para 2019?

Até o próximo post!

dezembro 13, 2018

No Ritmo do Amor por Brittainy C. Cherry

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501113399
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 336
Classificação: Bom
Sinopse: A linda e encantadora Jasmine Greene nasceu para brilhar. Cantora nata, ela cresceu sabendo que tinha vindo ao mundo para ser famosa, pois sua mãe — uma artista frustrada que concentrava na filha todas as suas expectativas — não a deixava se esquecer disso um minuto sequer. A vida da jovem de 16 anos se resume a estúdios, aulas de dança e canto e a inúmeros testes para ser o grande nome da música pop. Ela não tem tempo nem de ir à escola, é educada em casa e sofre com a rotina atribulada. Para Jasmine, o pior de tudo é não poder cantar soul, sua paixão. Mas ela não reclama, porque, na verdade, seu maior sonho é fazer com que a mãe tenha orgulho dela. Elliott Adams é uma alma atormentada. Para ele, cada dia é uma batalha a ser vencida. O rapaz tímido, humilde e franzino sofre bullying na escola por causa de sua aparência e por ser gago. Mas ele é mais forte do que imagina e encontrou em seu saxofone uma válvula de escape. Tira todas as suas forças dos acordes de Duke Ellington, Charlie Parker e Ella Fitzgerald, seus maiores ídolos. Quando Jasmine finalmente consegue a permissão da mãe para frequentar a escola pela primeira vez na vida, sente que ganhou na loteria. Adora estar cercada de pessoas da sua idade, que vivem os mesmos dilemas e questionamentos... ela só odeia ver o garoto mais encantador que já conheceu na vida sofrer na mão dos valentões e fará tudo o que estiver ao seu alcance para mostrar a Elliott que ele não está sozinho. Aos poucos, esses dois jovens sofredores irão descobrir que têm muito mais em comum do que o amor pela música. Mas será que vão superar as reviravoltas que o destino preparou para eles?

Nada como um bom romance água com açúcar para deixar nosso coração mais quentinho. E se tem uma autora que sabe como escrever histórias que nos deixam com um sorriso bobo no rosto, essa é a Brittainy C. Cherry. No Ritmo do Amor, possui todos os ingredientes que um bom fã de romance adora encontrar nos livros do gênero. Porém, o excesso de clichês e a falta de personagens bem desenvolvidos, fazem com que o livro tenha uma narrativa carregada de exageros e superficial.

Jasmine Greene passou a vida toda sendo preparada para o estrelato. Mesmo com a rotina puxada de aula de canto, dança e testes ela nunca se queixou da vida que tinha, afinal o seu maior sonho era que sua mãe se orgulhe dela. Depois de anos sendo educada em casa, Jasmine finalmente recebe a permissão para frequentar as aulas em um colégio como uma adolescente comum. Logo ela se torna uma das garotas mais populares atraindo a atenção de todos, incluindo a do tímido Elliott Adams.

Elliott ao contrário de Jasmine não é nada popular. Franzino e taxado como o esquisito do colégio, o humilde garoto é vítima constante de bullying, não somente por conta de sua aparência mas por ser gago. Só que o que poucas pessoas sabem que Elliott é um exímio saxofonistas, que tira de cada nota a força que precisa para superar seus dias difíceis no colégio. Quando Jasmine e Elliott se conhecem uma conexão quase que instantânea surge entre eles. Mas como duas pessoas tão diferentes podem ter tanto em comum?

Entre notas e melodias de jazz e soul, Jasmine e Elliott vão compondo a própria canção ao mesmo tempo em que a amizade juvenil dá espaço para o amor. Só que a vida tinha outros planos para os dois e uma mudança abrupta seguida de uma tragédia vai transformar suas vidas e seu relacionamento para sempre.

Em meu ponto de vista a grande falha em No Ritmo do Amor é o excesso de clichês que a narrativa possui. Fiquei com a sensação que a Brittainy C. Cherry quis dar a história um peso dramático trabalhando diversos elementos como: bullying, narcisismo materno, abuso sexual e violência, só que ao invés de se aprofundar nesses temas ela trabalhou tudo de modo muito apressado e vago. O que deixou a narrativa destoante em muitos momentos.

Jasmine é uma personagem que infelizmente não diz para o que veio na história. Desde o princípio é visível ver como ela permite que a mãe manipule cada aspecto de sua vida. Em diversas situações a garota age como se fosse somente uma “bonequinha de luxo” deixando com que a mãe e outras pessoas assumirem as rédeas de sua vida. De verdade eu estava esperando a grande reviravolta da personagem na história, pois em muitos momentos era perceptível que a autora estava preparando uma “grande mudança”. Só que o problema é que quando isso aconteceu, novamente foi de forma apressada e vaga. E sendo bem sincera, eu ao menos não consegui enxergar nenhuma evolução na personagem.

Gostei do Elliot e lamento muito, o fraco desenvolvimento do personagem e a forma com que as histórias que giram em torno dele foram mal aproveitadas. A trajetória dele tem toda uma base comovente e um acontecimento trágico que muda a sua vida para sempre. Porém, o modo como a autora descaracterizou a personalidade do personagem após esse acontecimento vez com a história ficasse meio sem sentido. O que é realmente um pena.

Brittainy C. Cherry é uma das minhas autoras favoritas, mas confesso que senti que em No Ritmo do Amor, ela “perdeu a mão” na hora de colocar suas ideias no papel. A história ficou tão exagerada e carregada de dramas que os personagens chegam a ser irritantes. O que sempre amei nos protagonistas da autora é o quão fortes e determinados eles são, mesmo nos piores momentos. Mas aqui, suas inseguranças deles chegam ao cúmulo do absurdo que só faz com que algumas situações forçadas e “ridículas”.

O que mais gostei em No Ritmo do Amor foi dos personagens secundários. TJ e Ray são aqueles personagens que se fossem pessoas reais eu ia querer guardar em um potinho de tão precisos. Laura a mãe de Elliot também é uma personagem incrível e que apesar de ter ganhado mais destaque no final da história, conseguiu me comover e me encantar com o seu imenso amor e bondade.

Ao final da leitura de No Ritmo do Amor, fiquei “satisfeita” o que encontrei, mas não nego que uma parte de mim ficou bem desapontada. Espero ter mais sorte com os próximos livros da autora.

“Você é a música em um mundo mudo, e meu coração bate porque você está aqui.”

Apesar de pecar em vários aspectos e ter sérios problemas em seu desenvolvimento, não posso negar que a escrita de Brittainy C. Cherry conseguiu me envolver e emocionar em alguns momentos. No Ritmo do Amor pode até não ser o melhor livro da autora, mas sem sombra de dúvidas mesmo com seus exageros entrega o que promete, - o típico romance água com açúcar.

dezembro 10, 2018

A Nuvem por Neal Shusterman

| Arquivado em: RESENHAS.





ISBN: 9788555340543
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 496
Classificação: Ótimo
Sinopse: Scythe – Livro 02.
No segundo volume da série Scythe, a Ceifa está mais corrompida do que nunca, e cabe a Citra e Rowan descobrir como impedir que os ceifadores que não seguem os mandamentos da instituição acabem com o futuro da humanidade. Em um mundo perfeito em que a humanidade venceu a morte, tudo é regulado pela incorruptível Nimbo Cúmulo, uma evolução da nuvem de dados. Mas a perfeição não se aplica aos ceifadores, os humanos responsáveis por controlar o crescimento populacional. Quem é morto por eles não pode ser revivido, e seus critérios para matar parecem cada vez mais imorais. Até a chegada do ceifador Lúcifer, que promete eliminar todos os que não seguem os mandamentos da Ceifa. E como a Nimbo Cúmulo não pode interferir nas questões dos ceifadores, resta a ela observar. Enquanto isso, Citra e Rowan também estão preocupados com o destino da Ceifa. Um ano depois de terem sido escolhidos como aprendizes, os dois acreditam que podem melhorar a instituição de maneiras diferentes. Citra pretende inspirar jovens ceifadores ao matar com compaixão e piedade, enquanto Rowan assume uma nova identidade e passa a investigar ceifadores corruptos. Mas talvez as mudanças da Ceifa dependam mais da Nimbo Cúmulo do que deles. Será que a nuvem irá quebrar suas regras e intervir, ou apenas verá seu mundo perfeito desmoronar?

Sempre que me perguntam qual foi o melhor livro que li em 2017, a minha resposta é: O Ceifador, primeiro livro da trilogia Scythe do autor Neal Shusterman. O Ceifador foi uma leitura marcante de várias formas, desde a sua narrativa inteligente e instigante com várias críticas a nossa sociedade. Por conta disso essa blogueira que vos escreve estava ao mesmo tempo ansiosa e receosa com A Nuvem, segundo livro da trilogia. Para minha felicidade embora não tenha me “impactado” tanto como a leitura do primeiro livro, A Nuvem se revelou uma leitura deliciosa e ao mesmo tempo cheia de boas surpresas.

Para quem não quiser correr o risco de spoilers pular quatro parágrafos.

Meses após o último Conclave da Ceifa os acontecimentos daquele dia ainda repercutem entre os Ceifadores. Citra Terranova não é mais uma aprendiz e sim a Honorável Ceifadora Anastássia, enquanto Rowan Damisch trabalha nas sombras com seu manto negro eliminando com a próprias mãos a corrupção que ele viu tão de perto correr os preceitos da Ceifa.

Observando tudo e a todos está a Nimbo Cúmulo, a inteligência artificial que governa o planeta, garantindo que toda a população viva em paz e tendo o necessário para sua sobrevivência. Só que a Nimbo Cúmulo não está feliz com que anda vendo acontecer dentro da Ceifa, porém por conta das leis que ela mesma criou não pode interferir diretamente na organização. Mas se ela, agir por meio de outra pessoa?

Greyson Tolliver é um adolescente solitário que vê a Nimbo Cúmulo como a sua única família. Ao ser recrutado para uma missão especial de forma indireta pela Nimbo, o jovem tem a sua pacata rotina virada de ponta cabeça. Marcado como infrator e fiel aos seus laços com a inteligência que governa o planeta, Greyson mergulha cada vez mais fundo no mar de intrigas e conspirações da Ceifa e com isso, colocando a sua própria vida em risco. Mas os planos de quem a Nimbo Cúmulo está tentando frustrar?

Enquanto o jovem Greyson trabalha nas sombras fazendo o que pode para impedir o pior, o retorno de um velho inimigo fará com que Citra e Rowan unam forças para salvar não apenas a Ceifa mais toda humanidade. Porém, será que a jovem ceifadora e um criminoso foragido vão ser capazes de destruir os terríveis planos que estão em andamento? Tinham os fundadores da Ceifa criado um plano de emergência para quando tudo estivesse ruindo? Em meio a intrigas políticas e jogos de poder, o mundo pacífico que a humanidade conquistou pode estar prestes a entrar em declínio outra vez.
 
Confesso que uma parte de mim esperava mais de A Nuvem. Embora a leitura ao final tenha causado o impacto desejado pelo autor e me deixado bem curiosa para saber o rumo que a história irá tomar no terceiro e último livro, não nego que eu esperava “um pouco mais”. Afinal, apesar A Nuvem sendo um ótimo livro, sua narrativa infelizmente não conseguiu manter o mesmo fôlego de O Ceifador.

Aqui vários elementos que funcionaram brilhantemente no primeiro livro acabaram não funcionando tão bem. Em muitos momentos tive a sensação que a narrativa meio que se “arrastava” fazendo com que o desenvolvimento da história ficasse mais lento. Outro ponto é que senti no caso do Rowan o personagem prometeu muito, mas entregou muito pouco tendo até, ao mesmo em minha opinião uma participação um tanto quanto apática.

Por outro lado foi gratificante ver a evolução da Citra na história. Apesar de suas ações terem a transformando em alvo tanto de admiração como de maquinações políticas, a jovem Ceifadora desempenha seu papel com compaixão sendo fiel aos preceitos mais antigos da Ceifa. O mais interessante nessa evolução da Citra é perceber que mesmo assumindo com maestria o seu novo papel no mundo, a jovem não perdeu a sua essência questionadora e obstinada. Citra continua fazem o que acredita ser o certo, mesmo quando todas as circunstâncias estão contra ela.

Gostei muito da inserção do Greyson na narrativa, pois isso trouxe a narrativa uma perspectiva diferente e interessante. Se em O Ceifador só tínhamos uma visão no mundo controlado pela Nimbo Cúmulo do ponto vista dos ceifadores, em A Nuvem é possível conhecer essa nova realidade pelo ponto de vista de uma “pessoa comum”. Além disso, o Greyson é aquele tipo de personagem bastante enigmático não tanto por sua personalidade e sim por que não fica muito claro, o papel que ele tem ou terá na história.

Em A Nuvem, Neal Shusterman deu um foco mais político a narrativa e com isso tornando a participação da Nimbo Cúmulo bem mais expressiva. Se no primeiro livro ela desempenha um papel mais de narradora, aqui ela ganhou ares de protagonista. Admito que os meus sentimentos em relação a Nimbo são bem conflitantes, porque ao mesmo tempo que vejo muita compaixão e sabedoria nela, vejo algo obscuro e bem assustador.

“Um chefe de Estado arrogante permite todas as formas de ódio desde que alimentem a sua ambição. E a triste verdade é que as pessoas engolem isso. A sociedade se devora e apodrece. A permissividade é o cadáver inchado da liberdade.”

A Nuvem pode não ter me arrebatado tanto como O Ceifador, mas está longe de ter sido uma decepção. Neal Shusterman soube como surpreender nos momentos certos, tornando a leitura um misto de sentimentos que iam da descrença ao choque. Em várias situações eu me vi dizendo: “- *palavrão*! Não posso acreditar que isso está acontecendo!”. Foram momentos que me deixaram de queixo no chão e coração partido. Mal posso esperar para ver o que Neal Shusterman reservou para o final da trilogia. 

Veja Também:

novembro 19, 2018

SoSeLit #11 – Porque me desapeguei das metas de leitura

| Arquivado em: CAFÉ LITERÁRIO.

Quantos livros você estipulou que ia ler em 2018? Trinta, cinquenta ou cem? Fomos criados ouvindo que estipular metas é importante e que ter listas com o que precisamos fazer é fundamental. Porém, até que ponto estamos lendo por prazer ou para atingir uma meta? No SoSeLit desse mês, vou compartilhar com vocês como funciona ou não funciona minha meta de leitura, até porque para ser bem sincera estou em uma fase de desapego.

imagem: Shutterstock
Pode parecer ironia, mas sou uma pessoa que gosta de metas. Gosto de começar uma coisa sabendo quais serão os passos que vou precisar dar e qual ou quais objetivos vão precisar ser atendidos no final do processo. Faço listas para não esquecer o que preciso fazer e procuro seguir fielmente o meu planejamento. Porém comecei a perceber que o que funcionava bem para meu dia a dia no trabalho, não funcionava tão bem assim quando o assunto eram as minhas leituras.

Ler como escrever sempre funcionou como uma terapia, para essa blogueira que vos escreve. Livros são meus melhores amigos, mas para que uma amizade como qualquer relacionamento funcione as duas partes precisam querer estar juntas.

Houve uma época em que se tinha feriado prolongado eu me comprometi a ler um livro por dia. E não nego que adoro ler uma livro em uma sentada quando a gente diz, mas não porque me auto impus isso, e sim porque eu quis passar o dia inteiro vivendo aquela história. Antes a minha meta de leitura era de quatro a cinco livros por mês. Atualmente ando lendo de um a dois. E por mais que isso possa significar uma mudança drástica no meu ritmo de leitura, está sendo tão gostoso ler sem pressa e pressão.

Aos poucos estou redescobrindo o prazer que a companhia de um livro traz, algo que com as metas preestabelecidas e prazos para publicar resenhas tinham me tirado. Não nego que eu marco alguns livros como meta de leitura no Skoob, mas não por que de fato me sinto na “obrigação de ler eles” e sim para quando estou em dúvida sobre o que ler lembrar que aqueles livros estão esperando por mim.

Ler voltou a ser um hobby, algo que faço depois da minha prática diária de piano, já terminei meu trabalho, ou ainda não estou com sono o suficiente para dormir. Voltei amar passar finais de semana preguiçosos no sofá curtindo a companhia de um amigo e vivendo com ele histórias fantásticas, às vezes um pouco dramáticas também. Mas amigo que é amigo ri e chora junto, não é mesmo?

Admiro de verdade quem estipula metas de leitura e cumpre a risca. Quem consegue ler mais de cem livros no ano e quem participa dessas maratonas doidas de tantas horas sem dormir para ler. Eu infelizmente não consigo. Eu quero ler no meu tempo, nem que esse tempo signifique que vou ficar lendo um livro de poucas páginas em um mês.

Há muito tempo decidi que ia medir o sucesso de minha leituras pela qualidade delas e não pela quantidade de livros lidos no mês.  E vou contar uma coisa para vocês, - está sendo uma experiência maravilhosa!


A Sociedade Secreta Literária é formada pelos blogs: Barba Literária , Diário de uma Leitora CompulsivaEu Insisto, La Oliphant, LivrosLab, Macchiato, Pétalas de Liberdade, Um metro e meio de Livros e o My Dear Library. A nossa intenção ao criar o grupo é falar de assuntos bons e “ruins”, e que normalmente as pessoas não falam abertamente na blogosfera.  

novembro 15, 2018

Coração-Granada por João Doederlein

 | Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788584391219
Editora: Paralela
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 198
Classificação:
Onde Comprar
Sinopse: Combinando novos ressignificados e poemas, @akapoeta apresenta textos de sensibilidade e poesia. Segundo o autor, o amor (correspondido ou não) mexe com nossa alma e nosso corpo. A ansiedade, quando nos toma de assalto, também. Outro ponto em comum: os dois fizeram e continuam fazendo artistas de todos os tipos produzirem criações capazes de gerar reflexão e também de dar sentido ao que, muitas vezes, parecia já não ter. É o caso de @akapoeta, pseudônimo de João Doederlein, neste seu segundo livro. Nele, o escritor fala de paixões e crises de ansiedade e da relação entre ambas, com a mesma delicadeza que transformou a sua obra de estreia, 'O livro dos ressignificados'.

Não sei vocês, mas essa blogueira que vos escreve tem o hábito de folhear os livros antes de começar a leitura propriamente dita. Sim, sei dos riscos de pegar spoilers, porém às vezes é um risco que vale a pena como foi o caso de Coração-Granada do autor João Doederlein. Sinceramente eu não conhecia o trabalho dele e por conta disso não fazia a menor ideia do que se tratava a obra. Só ao folhear o livro acabei me deparando com uma poesia sobre a ansiedade e aquelas palavras me tocaram tanto que eu pausei a leitura de A Nuvem para ler Coração-Granada.

Eu particularmente sempre amei poesias. Gosto como alguns autores conseguem de uma forma simples e ao mesmo tempo profunda colocar muitas vezes em poucas palavras uma imensidão de emoções e sentimentos.  Porque eu de alguma forma não apenas me identifico com suas palavras, mas principalmente em muitos momentos só consigo expressar meus sentimentos em toda sua confusão e totalidade através da escrita.

“Tenho tantas cicatrizes em minha alma que ela mais parece um quadro pintado por Pablo Picasso em um dia de chuva e muita tristeza.  Você não imagina a bagunça. É bonita, mas assusta.”

Conforme lia Coração-Granada a sensação que eu tinha era de ser abraçada. Sabe quando um desconhecido parece conseguir te entender melhor do que seus amigos e as pessoas que convivem diariamente com você? Foi assim que eu me senti durante a leitura. Afinal, quantas vezes já ouvi que não tenho motivos para ter ansiedade ou que preciso deixar de ser ansiosa, como seu fosse uma chave que eu pudesse ligar e desligar em minha mente.

Me senti abraçada, porque mesmo que em alguns dias tudo seja um caos em minha vida, de alguma forma eu não estou nesse caos sozinha. De diferentes formas, modos, rostos e motivos outras pessoas se sentem como eu. Sozinhas entre amigos e muitas vezes vendo as pessoas que amam se afastar porque não sabem como lidar com a sombra que ansiedade lança sobre nós, ansiosos.

É perceber que não só sou eu que em alguns dias precisa de uma força extra para sair da cama e que esconde atrás de um sorriso contido uma tristeza que vem do nada, mas que significa tudo. Porque a verdade é que tudo fica menos complicado e pesado quando você aceita a ansiedade como parte de sua vida ao invés de tentar expulsá-la quando ela aparece.

“Ansiedade é imaginar diálogos que não vão acontecer. Ansiedade é imaginar o momento em que tudo dará errado toda vez que algo começa a dar certo.”

Coração-Granada foi um acalento para esse meu coração ansioso. Foi conversar com um velho amigo que por mais que não entenda como eu me sinto, não me julga, não me condena só escuta, me abraça e diz que vai ficar tudo bem.

novembro 08, 2018

Namorado de Aluguel por Kasie West

 | Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788576864356
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2016
Número de páginas: 250
Classificação: Bom
Sinopse: Quando Bradley, o namorado de Gia Montgomery, termina com ela no estacionamento do baile de formatura, ela precisa pensar rápido. Afinal, ela vem falando dele para suas amigas há meses. Esta era para ser a noite em que ela provaria que ele não é uma invenção de sua cabeça. Então, quando vê um garoto esperando pela irmã no estacionamento do baile, Gia o recruta para ajudá-la. A tarefa é simples: passar por namorado dela — apenas duas horas, nenhum compromisso, algumas mentirinhas. Depois disso, ela pode tentar reconquistar o verdadeiro Bradley.  O problema é que, alguns dias depois do baile, não é em Bradley que Gia está pensando, mas no substituto. Aquele cujo nome ela nem sabe. Mas localizá-lo não significa que o relacionamento de mentira deles acabou. Gia deve um favor a esse cara, e a irmã dele tem a solução perfeita: a festa de formatura da ex-namorada dele — apenas três horas, nenhum compromisso, algumas mentirinhas.  E, justamente quando Gia começa a se perguntar se pode transformar seu namorado falso em real, Bradley reaparece, expondo sua farsa e ameaçando destruir suas amizades e seu novo relacionamento. Inteligente e maravilhosamente romântico, Namorado de aluguel retrata a jornada inesperada de uma garota para encontrar o amor — e possivelmente até a si mesma.

Depois de tanto drama, essa blogueira que vos escreve precisava urgentemente de uma leitura leve e bem clichê para dar aquela aquecida no coração. E como eu já tinha gostado bastante da narrativa da autora Kasie West na duologia Encruzilhada e estava há algum tempo querendo ler Namorado de Aluguel, ele me pareceu a escolha perfeita. Afinal, nada como um romance gracinha típico de Sessão da Tarde para nos fazer sentir melhor, não é mesmo?

À primeira vista a vida de Gia Montgomery. Ela é uma das garotas mais populares do colégio, tem pais perfeitos, as melhores amigas do mundo e um namorado completamente apaixonado. Porém, a realidade não é bem essa. Para começar suas amigas desconfiam que Bradley, seu namorado na verdade não existe e que tudo não passa de invenção de Gia para ela parecer mais descolada. Por isso, o baile de formatura o colégio é a oportunidade perfeita para Gia apresentar Bradley para as suas amigas, eliminando de uma por todas as suspeitas que elas têm. Tudo estava indo conforme os planos, até que do nada Bradley termina com Gia no estacionamento do baile.

Arrasada e sem saber como contar a verdade para as suas amigas com medo que elas acabassem achando que Gia estava mentindo o tempo todo sobre Bradley. Gia está sozinha e desesperada no estacionamento quando a solução dos seus problemas aparece. Ela percebe que não está tão sozinha no estacionamento como imaginava pois, a sua frente se encontra um rapaz mais ou menos da sua idade lendo dentro do carro. Quem estaria àquela hora lendo dentro de um carro quando ao lado acontece um baile de formatura? Ela então reúne toda a sua dignidade e cara de pau e diz para o garoto que ele será seu acompanhante no baile, um espécie de Bradley substituto para que suas amigas não achem que ela estava mentindo sobre o namorado esse tempo todo.

O problema é que mesmo após o baile Gia não consegue esquecer o garoto que a salvou, e o pior ela não sabe nem o nome verdadeiro dele. Mas, por um acaso do destino os dois se reencontram e dessa vez é Gia que irá interpretar o papel de namorada, retribuindo assim o favor que o desconhecido a fez na noite do baile. Só que até que ponto ambos estão interpretando seus sentimentos? E pode um relação que começou com uma “mentirinha inocente”, se transformar em algo real e verdadeiro? Em buscas dessas respostas, Gia embarca em uma jornada que a levará a enfrentar verdades sobre si mesma e sua vida perfeita.

Namorado de Aluguel possui uma narrativa bem clichê e até mesmo superficial especialmente quando levamos em conta a construção dos personagens. É perceptível que a intenção de Kasie West foi criar uma romance leve e despretensioso em que o únicos dramas presente são os “típicos” dramas comuns na adolescência. Porém, apesar da falta de profundidade da narrativa como um todo, nas entrelinhas a autora consegue fazer uma crítica sobre a necessidade de aceitação que não somente os adolescentes, mas que muitos adultos também sofrem especialmente com o uso contínuo das redes sociais.

Confesso que há princípio foi difícil me conectar com a Gia, pois a primeira vista suas atitudes são irritantes e bem fúteis. Não que ao final do livro eu e ela tenhamos nos tornado “melhores amigas”, porém conforme a narrativa foi avançando eu consegui entender que as atitudes da Gia eram motivadas pelo ideal de “perfeição” com o qual ela foi criada.  E é interessante perceber que a partir do momento em que Gia tem um choque de realidade e passa a se relacionar com pessoas fora do seu círculo de amizade o quanto ela revê suas atitudes e amadurece.

Também não consegui me sentir conectada com as melhores amigas da Gia e não sei se isso se deve ao fato delas serem tão fúteis como a protagonista, ou o fato da autora não ter explorado melhor a partição delas na história. Na verdade essa é uma das grandes falhas que a narrativa apresenta. Kasie West focou tanto a narrativa nos dramas da Gia, que “esqueceu” de dar profundidade aos demais personagens. Gostei bastante da Rebecca, porém a história dela ficou no vácuo como se a única utilidade da personagem da história fosse servir de “amiga substituta” para Gia. Além disso, o romance entre Gia e o Hayden aka Bradley substituto apesar de ter alguns momentos bonitinhos é raso e pouco convivente.

Como comentei no começo da resenha, Namorado de Aluguel possui uma história bem estilo Sessão da Tarde, mas que mesmo pecando pela falta de “profundidade”, consegue entreter e entregar o que promete: um romance fofinho e clichê. Para quem está em busca uma leitura mais leve, a história de Gia e Hayden pode ser uma boa opção.

“Pelo menos sabemos o que realmente pensamos antes de postar nossos pensamentos e deixar outras pessoas nos dizerem se eles são importantes ou não?”

Namorado de Aluguel é uma leitura rápida e que eu indico para aquelas tardes preguiçosas de domingo. Vai deixar seu coração mais quentinho, desde que você não crie muitas expectativas em relação a história e os personagens, porque infelizmente para quem busca ou gosta de narrativas mais complexas e maduras pode acabar se decepcionando.

novembro 01, 2018

Tudo Aquilo que nos Separa por Rosie Walsh

 | Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.



ISBN: 9788501113771
Editora: Record
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 336
Classificação: Ótimo.
Sinopse: Imagine a seguinte situação: você conhece um homem, vocês passam sete dias maravilhosos juntos, e você fica apaixonada. E o que é melhor: o sentimento é recíproco. Você nunca teve tanta certeza de algo na vida. Então, quando ele parte numa viagem de férias agendada há muito tempo e promete te ligar para o aeroporto, você não tem nenhum motivo para duvidar disso. Mas ele não liga. Seus amigos dizem que você deve desencanar, que deve esquecer o cara, mas você sabe que eles estão errados. Eles não sabem de nada. Algo de ruim deve ter acontecido, deve haver um motivo sério para explicar o silêncio dele. O que você faz quando finalmente descobre que tem razão? Que existe um motivo ― e que esse motivo é a única coisa que vocês não compartilharam um com o outro? A verdade.

Assim que li a sinopse de Tudo Aquilo que nos Separa da autora Rosie Walsh pensei: “Preciso ler esse livro.”. Porém, por mais instigante que a sinopse se mostre ela não nos prepara para o que vamos encontrar de fato nas páginas desse livro, que sem sombra de dúvidas se revelou uma belíssima surpresa literária.  Com uma sensibilidade incrível, Rosie Walsh nos presenteia com uma narrativa que mescla drama, romance, suspense com personagens tão humanos que nos envolvem em suas histórias logo nos primeiros capítulos.

Há dezenove anos Sarah Mackey tenta superar uma terrível perda, e com todos os danos e consequências emocionais que essa perda causou e ainda causa em sua vida. A dor foi tanta que ela decide deixar para trás a sua família em Gloucestershire na Inglaterra e recomeçar em Los Angeles, longe de tudo e de todos que conhecem o seu passado. E ela consegue de certa forma reconstruir a sua vida. Sarah se casa com Reuben e juntos eles criam uma ONG de palhaços-doutores. Só que por mais que Sarah tenha se afastado de tudo o que lhe causava dor e sofrimento a ferida nunca cicatrizou direito.

Recém divorciada Sarah repete o ritual que faz todos anos, volta ao lugar em que seu mundo desmoronou. Porém, dessa vez é diferente porque Eddie David está lá. O charmoso e misterioso Eddie. Uma atração praticamente instantânea surgir entre eles, e pela primeira vez na vida Sarah consegue esquecer todas as suas dores e viver os sete dias mais incríveis de sua vida. Sarah se apaixonada por Eddie e ele retribui todos os seus sentimentos com a mesma força e intensidade.

Mas, Sarah e Eddie não podem ficar para sempre no refúgio seguro que ambos criaram. Ele está com uma viagem marcada para a Espanha e ela por sua vez tem compromissos em Londres antes de voltar para casa em Los Angeles. Porém, eles sabem que será impossível viver um longe do outro depois dos sete dias mais lindos que passaram juntos. Eles combinam de se encontrar depois de seus compromissos para pensar em uma forma do relacionamento dar certo mesmo com o cada um morando em um continente. Eddie promete ligar para Sarah, mas não liga.

A verdade é que Eddie some do mapa, deixando Sarah desesperada sem saber o que aconteceu com ele. Quando Sarah compartilha seus medos com seus amigos Tommy e Jo os dois acreditam que para Eddie a amiga só foi um caso de verão. Só que Sarah sabe que foi mais que isso e começa uma verdadeira busca por ele. E essa busca vai levá-la a de volta ao passado doloroso que ela infelizmente nunca conseguiu esquecer, reabrindo feridas e transformando a sua vida e todos os envolvidos para sempre.

Tudo que Aquilo que nos Separa possui uma narrativa linear e até certo ponto bem realista. Rosie Walsh traz um retrato fiel e cru de como acontecimentos dolorosos causam consequências que perduram por toda uma vida. E a autora consegue isso sem criar um enredo mirabolante cheio de reviravoltas e momentos chocantes. É tudo muito natural, até mesmo a “pegadinha de mal gosto” do destino que temos aqui.

Sarah e Eddie cada um ao seu modo passaram a vida toda se anulando e abrindo mão da própria felicidade pelo bem daqueles que amam. E essa abnegação e altruísmo os tornam pessoas maravilhosas. Cheias de defeitos é claro como todo o ser humano, mas essa capacidade de se deixar de lado para ver outra pessoa feliz, faz deles pessoas muitos especiais. Afinal, quantas pessoas conhecemos que são capazes de deixar a própria felicidade de lado por amor a outra pessoa?

Outro ponto positivo aqui é que enquanto a autora foi construindo a história de Eddie e Sarah ela também foi desenvolvendo a história dos personagens secundários. Com isso eles deixaram em vários momentos o papel de coadjuvantes para serem os protagonistas na narrativa também. A história do Tommy e da Jo, assim como da Jenni e do Javier desempenham um papel importante no ritmo da narrativa. Isso que não posso deixar de mencionar o peso dramático que a Carole, mão do Eddie traz para a trama. A Carole é aquela personagem que por mais que as atitudes dela parecem “mesquinhas e egoístas”, você não consegue ter raiva dela, porque no fundo se questiona se também não agiria da mesma forma.

Só que infelizmente nem tudo são flores nessa vida literária. Senti que faltou a autora ter explorado melhor a reaproximação de dois personagens na narrativa. Esse ponto em minha opinião era um dos mais importantes na história e passou completamente batido. Além disso, fiquei com a sensação que o final foi corrido demais. Rosie Walsh “pecou” um pouco na ausência de detalhes, detalhes esse que com certeza que fariam toda a diferença e fizeram muita falta no desfecho da obra.

“... é possível passarmos semanas, meses, até anos, apenas empurrando a vida, sem nada acontecer, e de repente, no intervalo de algumas horas, o roteiro de nossa existência ser completamente reescrito.”

Tudo Aquilo que nos Separa é um livro para se ler de coração aberto e estar preparado para tê-lo quebrado em vários pedacinhos. Rosie Walsh escreveu uma história dolorosa e ao mesmo tempo belíssima, sobre perdas, sacrifícios, perdão e amor.

outubro 29, 2018

SoSeLit #10 – As temíveis adaptações literárias

| Arquivado em: CAFÉ LITERÁRIO.

Quem nunca ficou com medo de um filme ou série “estragar” o seu livro favorito que atire a primeira pedra. Afinal, ao ler uma história criamos em nossa mente uma visão dos personagens e do cenário, ao mesmo tempo em que interpretamos ao nosso modo os acontecimentos na narrativa. E pensando justamente nesse misto de emoções que sentimos como sabemos que um livro que amamos vai ganhar uma versão nas telas, o tema do SoSeLit de outubro é:  Adaptações Literárias.

imagem: Shutterstock
Essa blogueira que vos escreve é bastante a favor de adaptações literárias, desde que claro elas sejam bem feitas. Vou citar o exemplo de O Senhor dos Anéis, que quando estreou no cinemas eu tinha dezesseis anos (sim faz bastante tempo). Só que o fato é que a Ane de dezesseis anos não tinha a menor paciência de ler uma obra com O Senhor dos Anéis. Então o meu primeiro contato com a saga de Frodo e companhia foi através dos filmes, para só depois anos mais tarde eu me aprofundar na história através dos livros.

Acredito que isso aconteceu e acontece com muita gente, primeiro assistir ao filme para depois ler o livro, embora o “correto” seja o caminho inverso. Claro que quando pensamos em O Senhor dos Anéis, Harry Potter, Jogos Vorazes e até mesmo Crepúsculo, estamos falando de adaptações que deram certo. Assim como A Menina que Roubava Livros, Quarto de Jack, Memórias de uma Gueixa, Para todos os Garotos que já Amei, The Games of Throne, Outlander e por ai vai. "E as adaptações que não deram tão certo Ane?".

Aqui podemos citar: Divergente, Dezesseis Luas, Academia de Vampiros, Fallen e claro Instrumentos Mortais. Isso que estou falando só de livros mais voltados para o público adolescente.  Inclusive desses o mais recente que assisti foi Fallen e me perdoe de todo o coração quem gosta dos livros, juro que tentei gostar, mas depois do segundo livro abandonei a série.  Mas independente da qualidade da história do livro, - Senhor que filme ruim! Sério gente, eu fiquei com vergonha pelos fãs da série de como a autora pode permitir que algo tão ruim baseado na história que ela escreveu fosse lançado.

Já a série Divergente eu nem perdi meu tempo assistindo Convergente, porque Insurgente já tinha sido um pequeno desastre. O mesmo acontece com minha amada série Instrumentos Mortais que não satisfeitos em fazer um filme meia boca, transformaram a história em uma série com um primeira temporada vergonhosa. “Mas, você assistiu todas as temporadas Ane.”. Assisti sim, afinal se é para falar mal vamos falar com propriedade.

Enfim entre esse mar de erros e acertos, tem muito filme que pelo menos em minha opinião conseguiu ser melhor que o livro (me julguem). Se eu Ficar, por exemplo, o filme conseguiu me passar toda a emoção que o livro não conseguiu, e mesmo aconteceu com Querido John. Estava em uma fase um tanto insensível da minha vida? Talvez. Mas, o que eu estou tentando dizer é que às vezes o modo como o roteiro foi adaptado conseguiu deixar a história “melhor”.

Claro que eu fico bem chateada quando um fato importante dos livros, como os Marotos em Harry Potter é esquecido no filme. Assim como o funeral do Dumbledore, mas eu consigo entender que certos cortes são necessários. O que eu não entendo é qual a dificuldade de se manter a base, a essência da história que é o que infelizmente aconteceu com Instrumentos Mortais. Fizeram uma bagunça tão grande na cronologia da série que chegou um ponto que eu desisti de tentar entender em qual ponto dos livros o seriado estava.

Outra polêmica quando falamos em adaptações é O Hobbit. *Atenção spoilers*. O Hobbit é um livro único que foi adaptado em três filmes. Ou seja tem muito personagem que não existe no livro (oi Legolas e Tauriel) como também uma série de acontecimentos que só existem nos filmes. Têm pessoas como eu que no geral gostaram de todos os filmes e gente que até hoje fica falando que não havia necessidade de ter tido mais dois filmes.

Para quem não sabe, O Hobbit é considerado um livro infantil escrito pelo divo J.R.R Tolkien para seus filhos John, Michael e Christopher como uma forma de entreter os pequenos. Então acho que fica um pouco óbvio o porquê foi preciso inserir e mudar algumas coisinhas para que a adaptação fosse vendida como uma fantasia épica nos cinemas.

Recentemente tivemos a notícia que Hush Hush, Sussurro da autora Becca Fitzpatrick também vai ganhar uma adaptação. Eu particularmente gosto muito dessa série, mas espero que role um resumão da história toda em um filme, porque quatro livros já foram um tanto quando “desnecessários” (beijos Patch).  Estou com medo dessa adaptação? Sim. Do mesmo modo que estou com medo da adaptação de Por Lugares Incríveis. Porém, vou torcer para que essas adaptações não seja um desastre e principalmente no caso de Por Lugares Incríveis o filme consiga passar a belíssima mensagem que o livro traz.

Outras adaptações que eu queria muito ver são: A Rebelde do Deserto, A Rainha Vermelha, O Lado mais Sombrio e acho que a série Amores Improváveis da Elle Kennedy daria um ótimo seriado. Quem sabe um dia não é mesmo?

Agora quero saber de vocês: qual foi a melhor e a pior adaptação que vocês assistiram. Me conta nos comentários. Até o próximo post!

A Sociedade Secreta Literária é formada pelos blogs: Barba Literária , Diário de uma Leitora CompulsivaEu Insisto, La Oliphant, LivrosLab, Macchiato, Pétalas de Liberdade, Um metro e meio de Livros e o My Dear Library. A nossa intenção ao criar o grupo é falar de assuntos bons e “ruins”, e que normalmente as pessoas não falam abertamente na blogosfera. 

outubro 25, 2018

Correndo Descalça por Amy Harmon.

| Arquivado em: RESENHAS.

Este livro foi recebido como
cortesia para resenha.




ISBN: 9788576866879
Editora: Verus
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 349
Classificação: Ótimo.
Sinopse: Quando Josie Jensen, uma desajeitada menina prodígio da música, conhece Samuel Yates, um garoto confuso e revoltado descendente dos índios Navajos, uma amizade improvável floresce. Apesar de ser cinco anos mais nova, Josie ensina a Samuel sobre palavras, música, sonhos, e, com o tempo, eles formam um forte vínculo de amizade. Após se formar no colégio, Samuel abandona a cidadezinha onde vivem em busca de um futuro, deixando sua jovem amiga com o coração partido. Muitos anos depois, quando Samuel retorna, percebe que Josie necessita exatamente das coisas que ela lhe oferecera na adolescência. É a vez de Samuel ensinar a Josie sobre a vida e o amor e guiá-la para que ela encontre seu rumo, sua felicidade. Profundamente romântico, Correndo Descalça é a história de uma garota do interior e um garoto indígena, sobre os laços que os ligam a suas casas e famílias e sobre o amor que lhes dá asas para voar.

S
empre li resenhas positivas dos livros da autora Amy Harmon, porém somente com o lançamento de Correndo Descalça tive finalmente a oportunidade de conhecer o estilo de escrita da autora. Não é segredo para ninguém que acompanha o blog a mais tempo que essa blogueira que vos escreve adora um bom drama. E se esse drama vier acompanhado de uma pitadinha de romance é melhor ainda.  E Correndo Descalça é exatamente esse tipo de livro, em que a autora mescla com maestria os dramas do dia a dia com um romance sutil e belo.

Josie Jo Jensen desde muito jovem precisou aprender a lidar com perdas. Aos nove anos depois de perder a sua mãe, ela assume para si a responsabilidade de cuidar do pai e dos irmãos e com isso deixando cedo demais a infância para trás. Por um bom tempo o seu único refúgio são os livros, até que a chegada do casal Sonja e Doc a pequena cidade de Levan traz uma nova e inesperada mudança em sua vida. Com Sonja, Josie descobre uma nova paixão, a música. Josie passa a ter aulas de piano e entre as suas histórias e composições favoritas ela cresce e se torna uma adolescente solitária.

Mas, em uma manhã como outra qualquer, Josie conhece alguém mais deslocado e solitário que ela, Samuel Yates. Samuel é decente dos índios navajos e precisa lidar constantemente com o bullying no colégio e com a desconfiança de alguns moradores da pequena cidade que o vêm como um garoto problema. Uma amizade entre duas pessoas tão diferentes à primeira vista parece totalmente improvável, porém entre clássicos da literatura e da música, Josie passa a compartilhar com Samuel seus sonhos ao mesmo tempo em que ensina para ele o poder das palavras.

E através dessa convivência um sentimento mais forte acaba nascendo entre eles. Só que ambos são muito jovens para viver uma história de amor Samuel decide seguir seu caminho longe de Josie, que por sua vez se vê novamente precisando lidar com novas e dolorosas reviravoltas que a vida lhe reserva.

Anos de passam e quando eles de reencontram, Josie não é nem a sombra da pessoa que Samuel conheceu. Nem mesmo a música que tanto Josie amou no passado parece oferecer algum consolo para a dor que tomou conta de seu coração. E agora é a vez Samuel ensiná-la a ver a vida com outros olhos e principalmente a se permitir a amar e ser amada novamente.

Confesso que comecei a leitura de Correndo Sozinha sem saber muito ao certo o que iria e o que eu queria encontrar. Queria um livro que me emocionasse? Sim. Um livro que me deixasse encantada com um belo romance? Também. Mas, para minha felicidade Correndo Descalça não apenas conseguiu atingir esses dois objetivos, como foi um pouco mais além disso. Pois, conforme a leitura ia avançando, me via cada vez mais envolvida com as pequenas sutilezas contidas na narrativa e principalmente, com a sensibilidade como a autora desenvolveu a narrativa e seus personagens.

Em muitos momentos me identifiquei com a Josie, não só porque assim como ela, eu encontro nos livros e na música um porto seguro, mas pelo fato de ter precisado deixar a infância e até mesmo a adolescência cedo demais para cuidar dos outros. Eu conseguia compreender a solidão “auto imposta” da personagem, e o medo que suas atitudes acabassem por magoar as pessoas que ela ama.

Já com o Samuel eu tive não uma relação de amor e ódio propriamente dita, só que não nego que meus sentimentos pelo personagem em muitos momentos foram bem conflitantes. Tipo, eu conseguia entender a necessidade dele proteger a Josie e mostrar o seu valor, porém às vezes a forma como ela faz isso é muito dura e até mesmo um pouquinho “insensível”. Porém, é justamente a forma como o romance entre ele a Josie foi construído que tornar Correndo Descalça uma leitura tão sensível. Aqui vemos como a amizade simples e descomplicada de adolescência se transforma em um amor que sobrevive há anos de distância.

Os personagens secundários embora não tenham uma participação muito ativa também desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento da narrativa, em especial a Sonja e o pai da Josie. Eles se mantiveram ao lado da Josie nos momentos mais difíceis e cada um ao seu modo a ajudou a sobreviver não só a perda de pessoas queridas, mas de sonhos e oportunidades perdidas.

Gostei bastante como a Amy Harmon trabalhou os temas religião e espiritualidade também. Em nenhum momento isso deixou a narrativa pesada, pelo contrário contribuiu para aumentar ainda mais a sensibilidade do enredo. A minha única ressalva aqui é que senti que o final ficou um pouco “atropelado”, como se autora estivesse com pressa ou não soubesse direito como finalizar a história. 

“Algumas coisas não podem ser explicadas ou compartilhadas, porque perdem o brilho quando são passadas adiante.”

Correndo Descalça possui uma história muito sensível e emocionante e que ao mesmo tempo em que nos leva a refletir sobre as nossas dores. Amy Harmon construiu um romance terno e bonito, que apesar de todos os reveses se manteve forte em meio a fragilidade da vida.

agosto 22, 2018

Ele por Elle Kennedy e Sarina Bowen

| Arquivado em: RESENHAS.



ISBN: 9788584391202
Editora: Paralela
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 256
Classificação: Muito Bom
Sinopse: James Canning nunca descobriu como perdeu seu melhor e mais próximo amigo.Quatro anos atrás, seu tatuado, destemido e impulsivo companheiro desde a infância simplesmente cortou contato. O maior arrependimento de Ryan Wesley é ter convencido seu amigo extremamente hétero a participar de uma aposta que testou os limites da amizade deles. Agora, prestes a se enfrentarem nos times de hóquei da faculdade, ele finalmente terá a oportunidade de se desculpar. Mas, só de olhar para o seu antigo crush, Wes percebe que ainda não conseguiu superar sua paixão adolescente. Jamie esperou bastante tempo pelas respostas sobre o que aconteceu com seu relacionamento com Wes, mas, ao se reencontrarem, surgem ainda mais dúvidas. Uma noite de sexo pode estragar uma amizade? Essa e outras questões sobre si mesmos vão ter que ser respondidas quando Wesley e Jamie se veem como treinadores no mesmo acampamento de hóquei.

Embora Elle Kennedy seja uma das minhas autoras queridinhas quando o assunto são livros do gênero new adult, Ele foi a minha primeira experiência com livros LGBT com essa conotação mais adulta. Co-escrito com a autora Sarina Bowen, Ele possui uma narrativa fluida e personagens apaixonantes, o que torna a história ainda mais envolvente e gostosa de se acompanhar. Mas, (Ane e seus mas) não posso deixar de confessar que tenho sentimentos conflitantes a respeito da obra.

Ryan Wesley e James Canning costumavam ser amigos inseparáveis, até que um dia sem nenhum motivo aparente Wes cortar completamente o contato entre eles. O que James não pode imaginar é que Wes agiu movido pela culpa de ter “forçado” o seu amigo a participar de uma aposta que colocou a amizade deles em jogo. Agora depois de quatro longos anos de silêncio, os dois estão prestes a se reencontrar o que para Wes é a oportunidade perfeita para se desculpar pelo que fez no passado.

O problema é que Wes, continua apaixonado por Jamie e esse reencontro promete fortes emoções. Afinal, Jamie esperou anos para descobrir o que tinha motivado o melhor amigo a cortar as relações com ele. Porém, a conversa que era para esclarecer as dúvidas que Jamie tinha acaba deixando ele ainda mais confuso.

Quando Jamie se deixa levar pelo calor do momento e Wes não consegue mais esconder seus sentimentos pelo amigo. Poderá uma noite de sexo acabar com o que restou na amizade de Jamie e Wes. Conforme o verão passa os dois embarcam juntos em uma jornada de autodescobrimento que ao final pode os levar a descobrir verdades sobre si mesmos que eles jamais imaginaram.

Essa que vos escreve, estava sofrendo de uma terrível ressaca literária. Por isso ao escolher Ele como leitura eu realmente esperava encontrar um romance clichê, daqueles que você lê em uma tarde preguiçosa de domingo. E foi exatamente isso que encontrei, porém não posso deixar de comentar que em muitos momentos senti falta de “história” propriamente dita.

A narrativa de Elle Kennedy conseguiu em muitos momentos me emocionar durante a leitura da série Amores Improváveis, mas nessa parceria com a Sarina Bowen parece que as preliminares, por assim dizer foram “esquecidas “, reduzindo a narrativa em uma cena de sexo após outra. E isso me incomodou por que passou a sensação que as autora objetivaram demais o relacionamento homoafetivo, partindo da premissa que a base desse tipo de relacionamento é só “pegação”. E tipo não é, afinal nenhum relacionamento é feito apenas de sexo, mas de companheirismo e obviamente, - amor.

Que fique claro que eu gostei do livro, afinal eu amo um bom clichê. Além disso, Wes e Jamie são personagens maravilhosos, do tipo que você quer guardar em um potinho e cuidar pelo resto da vida. Só que sem sombra de dúvidas eu teria me apaixonado ainda mais por eles e automaticamente pela história, se durante a construção do enredo as autoras tivessem tido esse cuidado de realmente desenvolver um relacionamento em que fosse possível identificar aquele momento único em que o amor entre Wes e Jamie surgiu.

O fato de tudo acontecer rápido demais, (algo que me incomoda em qualquer livro) e as autoras deixarem a parte interessante do relacionamento protagonistas, aquela que nos deixa com o coração quentinho para os capítulos finais faz com que a narrativa soe pouco rasa também. Outro ponto é que se tratando de um romance homoafetivo, a abordagem dada ao preconceito sofrido pelos personagens aqui foi superficial e nem pode ser considerado um debate saudável, já que tudo se resume a um “piti” de um personagem pequeno e secundário.

Volto a dizer que sim, gostei muito do livro e me apeguei bastante ao Wes e ao Jamie e talvez justamente por isso os meus sentimentos em relação a Ele sejam tão conflitantes. Afinal, por mais que eu tenha encontrado um bom clichê aqui e me envolvido de um modo gostoso com a história, infelizmente não posso fechar os olhos para as falhas que a narrativa teve em sua construção. Elle Kennedy e Sarina Bowen acertaram em cheio ao criar uma história de sensual e erótica entre dois homens, mas esqueceram de colocar aquela pitadinha de açúcar para transformá-la no romance que pretendiam.

“Você é o rei das más ideias”, ele lembra. “Pelo menos essa termina com nós dois felizes.”

Para quem busca uma história clichê, mas como ingredientes diferentes das narrativas “tradicionais”, Ele se apresenta com uma opção de leitura fluida e cativante que nos conquista logo nas primeiras páginas. Pode estar longe de ser o “romance perfeito”, mas ainda assim é o tipo que nos deixa com um sorriso bobo no final.

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