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março 20, 2019

Romance Tóxico por Heather Demetrios

| Arquivado em: RESENHAS.

Lançado no final de 2018 pela editora Seguinte, Romance Tóxico da autora Heather Demetrios aborda um tema que embora seja atual, nós como sociedade ainda encontramos certa dificuldade de falar sobre ele. Afinal, para muitas pessoas o relacionamento abusivo é somente o físico, quando na verdade o abuso psicológico mesmo sendo silencioso e não deixando marcas aparentes no corpo, é tão perigoso quanto.

Heather Demetrios apresenta uma história franca, em que a cada capítulo ficamos mais envolvidos pela história de Grace e Gavin.  O modo como que a autora construiu a narrativa chega é pouco angustiante, porque conforme a história avança paira no ar a sensação que algo de muito ruim está para acontecer. Por esse motivo, Romance Tóxico é um livro para se ler em “doses homeopáticas”, pois além de obviamente não se tratar de uma história feliz a sua narrativa contém alguns gatilhos como: suicídio, abuso doméstico, físico, sexual e psicológico.





ISBN: 978-8555340796
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento:  2018
Número de páginas: 416
Classificação: Ótimo 
Sinopse: Uma história contemporânea, comovente e incrivelmente honesta sobre como encontrar forças para se libertar de relacionamentos tóxicos. Grace quer sair de casa. Ela se sente sufocada pelo padrasto agressivo e pela mãe obsessiva, que a faz esfregar o chão até toda a poeira (que só ela enxerga) sumir. Quer ir embora da cidadezinha onde mora, na Califórnia, pequena demais para seus sonhos. Quer fugir da vida que leva e se tornar uma artista em Paris, uma diretora de teatro em Nova York… qualquer futuro que seja distante do medo e da solidão que sente. Então ela se aproxima de Gavin: charmoso, talentoso e adorado por todos da escola. Quando os dois se apaixonam, Grace tem certeza de que aquele romance é bom demais para ser verdade. Mas as suas amigas enxergam um outro lado do garoto — controlador e perigoso —, que, com o tempo, vai transformar o relacionamento dos dois em uma prisão da qual Grace será incapaz de escapar sozinha.

Um dos pontos que mais me chamou a atenção em Romance Tóxico foi a forma como a autora construiu a história. Desde o começo fica muito claro que esse é um romance abusivo, uma vez que logo na primeira página a Grace começa a narrar os fatos que há levaram a se envolver com o Gavin. E o mais interessante aqui é que a autora usou como recurso uma linguagem mais direta, se referindo ao Gavin não como ele e sim como você.  A impressão que eu tive durante a leitura foi que a Grace estava realmente contando para o Gavin o quanto o relacionamento deles foi prejudicial. O quanto as atitudes dele a machucaram.

A protagonista já passa por uma relação de abuso dentro de casa. Grace é tratada como empregada por seu padrasto agressivo e por sua mãe omissa. O grande desejo de Grace é se formar no ensino médio e ir para bem longe da opressão em que vive, porque ela consegue ver como a relação de sua mãe como o Gigante, apelido dado ao padrasto, é tóxica.

A Grace consegue enxergar que a origem de todo abuso emocional e psicológico cometido por sua mãe é o relacionamento dela com Gigante. Porém a própria Grace, não consegue ver os primeiros sinais no comportamento de Gavin, e que ela mesma está entrando em um relacionamento abusivo.  Até porque, Gavin não se torna um namorado perigoso e controlador do dia para noite.

No começo ele é carismático e gentil e trata a Grace com todo amor e carinho que ela não encontra na própria família. Então a Grace acaba vendo no Gavin o príncipe encantado que veio resgatá-la dos abusos que ela sofre em casa. Ela realmente acredita que os dois são almas gêmeas e que vão passar o resto da vida juntos, e com isso a personagem acaba aceitando todas as condições e regras que o namorado cria para o relacionamento. Em sua ingenuidade, Grace acaba aceitando tudo o que Gavin tem para dar para ela.

Heather Demetrios em momento algum tenta amenizar ou justificar as atitudes do Gavin. E é angustiante acompanhar o desenvolvimento da história e perceber que ao mesmo tempo que a Grace começa a ter consciência de como aquilo tudo é errado e que a sua situação é similar à da mãe, ela está tão afundada no amor do Gavin, na relação de codependência dele que não consegue enxergar uma saída, um modo de terminar o relacionamento dos dois.

Porém, apesar de Romance Tóxico ter se mostrado uma leitura relevante e envolvente, infelizmente senti que a autora “pecou” em alguns pontos no desenvolvimento total da obra. Claro que o foco aqui é o relacionamento da Grace com o Gavin, mas em minha opinião faltou a Heather Demetrios ter dado um aprofundamento maior na questão familiar da protagonista. Até porque no meu ponto de vista, esse foi um dos fatores que contribui para que a Grace se torna-se uma “presa fácil” para o Gavin. E o modo como a autora resolve esse arco da história foi muito "simplista" e não condizente como toda a carga emocional que isso trouxe para a narrativa.

Também senti que os personagens secundários, apesar de desempenharem um papel importante na história como um todo foram pouco explorados. Senti que eles foram usados mais como um recurso narrativo, pontos de ligação e não como se de fato eles fossem peças importantes dentro da história. Gostei bastante das amigas da Grace, a Nat e a Lys, mas personagens como a Beth e até mesmo o pai biológico da protagonistas me passaram a sensação de terem sido somente “jogados na obra”, sem ter uma função que justificasse a participação deles na história.

Outro ponto é que senti o final um pouco corrido. Como mencionei no começo da resenha, a cada capítulo a autora nos faz acreditar que o pior está para acontecer. E realmente conforme a leitura avança às manipulações do Gavin vão se tornando mais assustadoras e perigosas. Só que infelizmente eu terminei o livro sentindo que faltou alguma coisa. Acho que no meu caso, a autora foi gerando tanta expectativa e ao final tudo se resolve de uma maneira tão "fácil" e simples, que isso me deixou um pouco decepcionada.

“Quando se é uma garota boba e apaixonada, é quase impossível ver os sinais de alerta. É muito fácil fingir que eles não existem, que tudo é perfeito.”

Em Romance Tóxico, Heather Demetrios traz uma história atual e relevante que serve de alerta que o abuso não está somente no tapa ou empurram, mas está nas palavras ríspidas em crises de ciúmes que parecem bobas e até mesmo “bonitinhas”, só que na verdade são formas de controle. E o mais importante, é que precisamos aprender a amar a nós mesmos

março 17, 2019

Amor em mim

| Arquivado em: CRÔNICAS & POESIAS

imagem: Shutterstock

Usei tinta de todas as cores para cobrir o branco das paredes. Preenchi todos os espaços vazios com móveis que não combinam. Joguei seus preciosos artigos de luxo fora e no lugar coloquei meus vasos de flores simples.

Substitui a sua ordem, pelo meu caos.

E agora enquanto encaro meu reflexo no espelho e todas as partes de mim que perdi ao tentar me encaixar em você. Ao tentar ser parte de sua vida, quando você nunca tentou de verdade ser parte da minha.

Há dias que me pergunto se algo do que vivemos foi real para você. Ou se fui eu que me iludi tanto, ao acreditar estar vivendo o meu próprio conto de fadas.

Em que aos poucos o príncipe encantado se transformou no menino mau quebrando todo o encanto. E foi ao juntar os pedaços do meu coração que percebi que o amor que desesperadamente buscava em você sempre existiu em mim.

O amor que eu buscava em você, sempre existiu em mim.

Reconstruí minha vida e a mim mesma, quando parei de tentar me encaixar e fazer parte da sua. Agora consigo ver ordem em meu caos e toda a beleza de minhas imperfeições.

Porque sei que toda a felicidade que preciso está e sempre vai estar dentro de mim.

Porque tenho todo o amor que preciso em mim.

A felicidade que preciso está em mim.
Em mim.
Em mim.

Tenho todo o amor que preciso em mim.

texto escrito por: Ariane Gisele Reis.  ©  Todos os Direitos Reservados.

março 13, 2019

#naplaylist – Desconectando

| Arquivado em: MÚSICAS.

Uma das mudanças mais importantes que venho realizando em minha vida é reduzir meu tempo nas redes sociais. Sei que isso parece um pouco contraditório vindo de alguém que trabalha com marketing digital e tem como hobby um blog.

Mas, o fato foi que percebi que o tempo que eu ficava conectada nas redes sociais, muitas vezes consumindo um conteúdo “tóxico” que só me deixava triste, irritada e mais ansiosa, podia ser direcionado de forma muito mais produtiva e saudável emocionalmente. 

imagem: Freepik
Porque quando nos desconectamos do mundo exterior e nos conectamos com o nosso mundo interior é que quando conseguimos de fato enxergar toda a nossa beleza.  Aprendi a gostar de passar mais tempo comigo mesma. Aprendi a gostar de minha própria companhia.

São esses momentos em que estou com meus pensamentos, ouvindo a minha última playlist favorita e meu caderno de escrita aberto, que coloco todos os meus sentimentos no lugar. Afinal, desde que me conheço por gente, escrever é a minha terapia mais eficaz. 

| naplaylist

Por esse motivo, a playlist que compartilho com vocês hoje é muito especial. Pois ela não é somente a trilha sonora de minha vida no momento, mas sim também a fonte de inspiração para meus textos que em breve vocês vão poder conferir aqui no blog.

E lembrem-se que embora as redes sociais tenham encurtado as distancias, não podemos nos distanciar da pessoa mais importante de nossas vidas, - nós mesmo. Conexões só são verdadeiras quando são reais.

Beijos e até o próximo post!

março 10, 2019

Leveza e cor nas ilustrações de Hoshi-Pan

| Arquivado em: ARTE 


Embora para essa nova fase de minha vida e do blog eu tenha optado por um estilo mais clean e minimalista, eu sou completamente apaixonada por cor. Sempre que vejo um arco-íris meu coração se enche de felicidade e de esperança, pois sinto que quando um arco-íris aparece com suas sete cores maravilhosas é um sinal que Deus e o Universo estão me dando que tudo vai ficar bem.

Por esse motivo, quando vi as obras da ilustradora egípcia Hoshi-Pan, meu coração ficou mais quentinho. Há uma leveza no traço e uma explosão de cores, que fazem com que as ilustrações dela sejam mágicas e únicas.

Clock Tower
O que mais me encanta na obras de Hoshi-Pan é o modo como ela mescla vários elementos para compor seus trabalhos. Suas ilustrações tem um toque de fantasia com surrealismo, além da perceptível influência que traços vistos em mangás tem em seu trabalho.

São ilustrações delicadas que capturam nosso olhar pela riqueza de detalhes presentes. E o mais interessante é que esses detalhes não deixam a arte pesada, pelo contrário eles contribuem com a atmosfera mágica criada por Hoshi-Pan.

Uma das minhas obras favoritas da artista é a Light Bulb, pois ela me transmite serenidade ao mesmo tempo que achei uma das ilustrações mais divertidas de seu portfólio.

| Algumas Obras:
Dancing on the raindrops
Light Bulb
Sea Lights
Pink City
Rain Lamp
Dancing on the raindrops e Clock Tower, também me chamaram bastante a atenção pelo uso harmonioso das cores e de elementos como a lua e estrelas que minha opinião dão um toque ainda mais especial para as ilustrações. Aliás, esses são elementos bem presentes nas obras de Hoshi-Pan.  O que talvez explique, o porque fiquei tão encantada com trabalho dela.

E vocês? Qual o quais são suas obras favoritas? Compartilhe comigo nos comentários.

Um semana linda e abençoada para todos vocês e até o próximo post! ()

+ Hoshi-Pan.
deviantArt | Instagram

março 05, 2019

Graça & Fúria por Tracy Banghart

| Arquivado em: RESENHAS.

Graça & Fúria da autora Travy Banghart foi sem sombra de dúvidas um dos lançamentos mais comentados de 2018.  Li diversas resenhas positivas que me deixaram bem curiosa para conhecer a história. Porém, embora seja perceptível todo o potencial que a obra possui, a mesma escorrega em uma sucessão de clichês que já vimos em outras séries do gênero.





ISBN: 9788555340703
Editora: Seguinte
Ano de Lançamento: 2018
Número de páginas: 304
Classificação: Bom
Sinopse: Graça & Fúria – Livro 01:
Duas irmãs lutam para mudar o próprio destino no primeiro volume de uma série de fantasia repleta de romance, ação e intrigas políticas. Em Viridia, as mulheres não têm direitos. Em vez de rainhas, os governantes escolhem periodicamente três graças — jovens que viveriam ao seu dispor. Serina Tessaro treinou a vida inteira para se tornar uma graça, mas é Nomi, sua irmã mais nova, quem acaba sendo escolhida pelo herdeiro. Nomi nunca aceitou as regras que lhe eram impostas e aprendeu a ler, apesar de a leitura ser proibida para as mulheres. Seu fascínio por livros a levou a roubar um exemplar da biblioteca real — mas é Serina quem acaba sendo pega com ele nas mãos. Como punição, a garota é enviada a uma ilha que serve de prisão para mulheres rebeldes. Agora, Serina e Nomi estão presas a destinos que nunca desejaram — e farão de tudo para se reencontrar.

A premissa de Graça & Fúria nos promete uma história de força e empoderamento feminino, algo que em partes é entregue ao leitor. Os capítulos são curtos e intercalados entre a Serina e a Nomi o que dá a narrativa certo dinamismo e um bom ritmo. A escrita da Travy Banghart é leve e conseguiu me deixar bastante envolvida com a história durante boa parte da leitura. Os “problemas” começaram a partir do momento em que a sensação do; “Já vi isso antes” foi ficando mais forte.

Fazendo uma comparação bem simples, Graça & Fúria é uma mescla de A Seleção com A Rainha Vermelha. E de verdade é impossível ler alguns trechos do livro e automaticamente não se lembrar da história da autora Victoria Aveyard. Tanto que chega em um determinado ponto que você lê já sabendo exatamente o que vai acontecer. E isso foi uma das coisas que mais me incomodou na obra. Travy Banghart não apresenta nenhum bom elemento surpresa, ao ponto que no momento em que acontece a grande reviravolta da história ela soa como rasa, pois estava “óbvio” que era aquilo que ia acontecer.

Em minha opinião o ponto alto do livro foi a construção e a inversão de papéis das irmãs Tessaro durante o desenvolvimento da narrativa.  Serina passou grande parte de sua vida sendo preparada para ser uma das graças do rei. Tudo nela é delicadeza e submissão, e ver a personagem descobrindo a sua força e poder foi algo bem interessante de se acompanhar, especialmente porque o modo como a personagem é apresentada me fez acreditar que ela possuía todas as características que normalmente geram uma implicância minha com protagonistas do gênero.

O mesmo não posso falar da Nomi, afinal se pudesse definir a personagem em uma só palavra seria, desgosto. Fico me perguntando até quando os autores vão continuar confundido comportamentos impulsivos com rebeldia.  Por ser totalmente o oposto da irmã e contra a forma como as mulheres são tratadas em Viridia era esperado que Nomi fosse uma pessoa mais madura e bem, - inteligente. Só que infelizmente com a Nomi, eu senti uma decepção atrás da outra. Enquanto lia as partes narradas por ela me perguntava onde estava o tal espírito rebelde, já que a única coisa que encontrei foi uma sucessão de atitudes imaturas e precipitadas.

Gostei muito do fato da autora ter dado aos personagens secundários certo protagonismo na construção da narrativa. Estou bem curiosa para ver como a relação da Serina e do Val será desenvolvida no próximo livro da série, do mesmo modo que espero que a Maris ganhe um espaço maior na obra, já que é visível que a personagem possui um bom potencial para ser explorado. Além disso, é impossível você não sentir a força das mulheres que a ilha de Monte Ruína forjou. A Oráculo e a Petrel são personagens incríveis e ao seu modo inspiradoras.

Ainda não tenho a minha opinião totalmente formada sobre os dois príncipes o Malachi e o Asa, até porque o triângulo amoroso que a autora inseriu aqui me deixou bastante irritada. E não por causa do triângulo amoroso Malachi, Nomi e Asa propriamente dito, mas sim porque me remeteu muito A Rainha Vermelha. De verdade esse foi o núcleo que mais me incomodou no desenvolvimento todo de Graça & Fúria, pois tudo nele é clichê e terrivelmente previsível.

 “– Vocês devem ser tão fortes quanto essa prisão, tão fortes quando a pedra e o oceano que as cercam. Vocês são concreto e arame farpado. Vocês são feitas de ferro.”

Como leitora acredito muito no potencial da série Graça & Fúria, já que a bandeira principal levantada pela autora na obra é a igualdade de gêneros e o modo como muitas sociedades ainda enxergam a mulher como um "ser inferior” aos homens. Como um livro introdutório, apesar das diversas derrapadas Graça & Fúria funciona bem. Agora só resta saber se autora vai dar voz própria a sua história ou vai continuar investindo nos clichês do gênero.

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